Depois desses temporais, amargando horas e horas sem luz em casa, sempre sonho com a fiação subterrânea. Seria uma maravilha. Afinal, você sabe, hoje falta luz porque a rede elétrica fica exposta e, como Porto Alegre é uma cidade arborizada demais — o que é ótimo —, a força do vento derruba os galhos, então os galhos caem sobre os fios, aí os fios entram em curto.
Com a fiação subterrânea, não teria nada disso. E a cidade ficaria mais bonita — veja o caso de Gramado —, porque se tem uma coisa feia por aqui é esse monte de fios esculhambando a paisagem.
— Mas nada na vida tem só vantagens. Tudo tem prós e contras, inclusive a fiação subterrânea — diz o professor Tristão Garcia, especialista em circuitos elétricos da UFRGS.
Segundo o professor Tristão, com fios enterrados não haveria tanta falta de luz, mas qualquer transtorno poderia durar mais tempo. Porque hoje, com a fiação aérea, os funcionários podem enxergar o defeito para resolvê-lo. Outra desvantagem seria o custo: sete a 10 vezes maior.
— O cliente estaria disposto a pagar mais e ter uma rede subterrânea, ou prefere pagar menos e às vezes ter interrupções? — pergunta o diretor de distribuição da CEEE, Júlio Elói Hofer.
E a buraqueira, já pensou? Durante as obras, Porto Alegre teria calçadas e canteiros abertos de norte a sul. No Centro Histórico, já existe uma rede subterrânea, que de vez em quando é atacada por ratos — eles roem os fios e são eletrocutados, aí falta luz. Aliás, dizem que há muito rato aí por baixo. Será que, com as obras, não subiriam alguns para a superfície?
Pensando bem, temos outras prioridades.