Esses tempos, passei em frente a uma loja de móveis chamada Criare. Depois, vi a farmácia Confiare. E também a imobiliária Morare, além do salão de beleza Inovare.
O leitor Celso Closs me enviou na quinta-feira fotos que julgava curiosas. Lá estavam o lava-rápido Lavare, a escolinha Educare, a loja Reformare e a empresa de monitoramento Vigillare. Tudo em Porto Alegre ou Região Metropolitana. Mas que diabo é isso?
— É só para dar um tchã — palpita o gramático Cláudio Moreno, consultado pela coluna. — O "are" dá um ar alatinado. E tudo que é escrito em latim evoca a cultura greco-romana, que, para a maioria das pessoas, é sofisticada.
Comecei a jogar no Google tudo que era verbo adicionando a letra E no final. Encontrei na Capital as clínicas Olhare, Clinicare e Medicare. Em Gramado, tem o restaurante Degustare.
Já entendi, pessoal, agora pare.
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Fundadora da Comunicare Aparelhos Auditivos, a fonoaudióloga Patricia Coradini enviou um e-mail à coluna após a publicação do texto acima. "Como você citou o nome da nossa empresa como sendo um nome 'alatinado', gostaria de por meio deste informar que ele não tem esta origem e não foi criado para dar um 'ar sofisticado', como informou seu texto", escreveu Patricia.
Segundo ela, Comunicare tem um "significado oculto" de "cuidado com a comunicação". O e-mail esclarece: "Care vem de cuidado, em inglês, e Comuni, de comunicação, em português". A pronúncia correta do nome, portanto, é "Comuniquer".