Uma decisão judicial deve levar tensão para a Argentina neste final de 2016 e início de 2017. A líder indígena do movimento Tupac Amaru, Milagro Sala, foi condenada a três anos de prisão por dano qualificado durante protesto em 2009 na cidade de San Salvador de Jujuy. O alvo da manifestação era o então senador Gerardo Morales. Aliado do agora presidente Mauricio Macri e opositor a Sala, Morales hoje governa a província de Jujuy e ordenou a prisão de Milagro há quase um ano, em 16 de janeiro último. Curiosidade: Milagro não participou do protesto, só que é vista pelos seus detratores como mandante de tudo o que ocorreu naquele dia, por liderar a Tupac Amaru. A advogada da militante, Elizabeth Gómez Alcorta, considera que faltam provas para incriminar a ativista.
A situação é bastante polêmica. Há suspeitas de perseguição política. Mesmo ainda sob investigação, Milagro já está em prisão preventiva há quase um ano. Veja bem: estava presa ainda que sem qualquer condenação, e a condenação que chega agora teria de ser cumprida em regime semi-aberto! Entidades de direitos humanos e mesmo países e organizações têm protestado e pedido uma atitude de Macri. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Alto Comissariado da ONU de Direitos Humanos pedem explicações ao presidente.
O "caso Milagro Sala" se soma a uma crise econômica no primeiro ano de Macri como presidente da Argentina. Os protestos têm sido cada vez mais frequentes.
Macri alega que Milagro, que completará 53 anos em 20 de fevereiro (ainda na prisão?!), é acusada de desviar recursos públicos de Jujuy e nacionais no programa de habitação conduzido pela Tupac Amaru, sendo esse o verdadeiro motivo para ser mantida presa. A ativista também é acusada de usar programas habitacionais como curral eleitoral para os candidatos alinhados a seu movimento, incluindo a ex-presidente Cristina Kirchner.
Ao negar as acusações, Milagro alfineta Macri e Morales:
- Educamos, recuperamos milhares de jovens das drogas, da prostituição e dos roubos, mas hoje tudo voltou de novo. Esse foi o nosso pecado e não sinto como um pecado. Simplesmente queríamos igualdade em um país tão rico, onde há muito dinheiro e onde os empresários e os oligarcas voltaram a ficar com tudo.
E segue o baile.