Se o mercado não está ajudando a safra de trigo, em compensação a produtividade das lavouras supera até mesmo as expectativas mais otimistas. Com 93% da área colhida no Rio Grande do Sul, o rendimento médio até agora tem girado em torno de 3,6 mil quilos por hectare, segundo a Emater – o equivalente a 60 sacas por hectare. A média histórica das lavouras de trigo é de 40 sacas por hectare.
– A produtividade é recorde. Tem produtores colhendo cem sacas por hectare em algumas áreas – diz Cláudio Dóro, gerente regional adjunto da Emater em Passo Fundo.
O excelente resultado é atribuído às temperaturas baixas, que impediram a proliferação de doenças oportunas, mesmo nos períodos de chuva intensa em outubro.
– A qualidade é muito boa também, com PH superior a 78, de trigo classe pão tipo 1 – completa.
A estimativa é de uma colheita de 2,3 milhões de toneladas no Estado, segundo a Emater. Se a produção anima, o mercado tem provocado efeito contrário:
– É inaceitável cogitar destinar trigo dessa qualidade para ração animal. O produtor precisa de uma política pública efetiva voltada ao trigo – lamenta Carlos Bestetti, superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Estado.
Com as vendas travadas, pelo preço abaixo do valor mínimo, a expectativa agora é com os leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e de Prêmio Para Escoamento de Produto (PEP), marcados para sexta-feira. Inicialmente, as operações irão envolver 100 mil toneladas no Estado, volume que frustrou os produtores.