Enquanto especialistas discutem se o La Niña já está instalado ou não, se vai ocorrer ou teremos ano neutro, o boletim com o prognóstico do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaergs) para os próximos três meses deve ser divulgado nesta semana e dar pistas mais precisas sobre como deve se comportar o tempo em dezembro, janeiro e fevereiro.
Por enquanto, a expectativa para dezembro, mês importante para o desenvolvimento do milho nas lavouras gaúchas, é de chuva um pouco abaixo do normal no Estado: entre 25 e 50 milímetros aquém das médias históricas. Grosso modo, o normal seria em torno de cem milímetros no Sul e 170 no Norte.
– Podemos ter alguns dias de estiagem ou com volume muito baixo de precipitações, o que pode prejudicar culturas em período crítico, como fase de floração e enchimento de grãos – observa Loana Cardoso, agrometeorologista da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e coordenadora do Copaergs.
Para janeiro, até agora, a perspectiva é de regime normal de chuvas para o Rio Grande do Sul.
A climatologista Renata Tedeschi, do Centro de Previsão de Tempo e Pesquisas Climáticas (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sustenta que, apesar de a temperatura das águas do Pacífico equatorial estarem abaixo do normal, precisariam permanecer nesta condição por mais tempo para que o La Niña – normalmente associado a menos chuva na Região Sul – fosse confirmado.
– Se tivermos La Niña, deve ser de intensidade fraca e curta duração. As secas no Rio Grande do Sul são relacionadas a La Niñas fortes – sustenta Renata.
Apesar de o fenômeno também estar relacionado a temperaturas mais baixas, a climatologista explica que o frio de certa forma atípico que chegou ao Estado no final da semana passada pode estar ligado ao quadro atual das águas do Pacífico equatorial, mas não é, necessariamente, indício de formação do fenômeno La Niña.
*Interino