Entre as nove fundações estaduais a serem extintas, dentro do pacote anunciado nesta segunda-feira pelo governador José Ivo Sartori, está a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Se a medida for confirmada pela Assembleia Legislativa, os 220 funcionários estatutários (os quais não podem ser demitidos) serão absorvidos pela Secretaria da Agricultura:
– Os pesquisadores continuarão fazendo pesquisa, não irá mudar o propósito, é apenas um enxugamento da estrutura que se tem hoje – explica o secretário da Agricultura, Ernani Polo.
Embora o argumento seja de que os trabalhos irão continuar, na prática há muitas incertezas sobre o futuro da pesquisa estadual agropecuária – transformada em fundação em 1994.
– Antes disso éramos um departamento dentro secretaria. É como se estivéssemos retrocedendo à década de 1990 – avalia o pesquisador Nelson Bertoldo, presidente da Associação dos Servidores da Pesquisa Agropecuária.
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Bertoldo acompanhou toda a luta dos pesquisadores para que o setor ganhasse autonomia de gestão. Agora, teme que o segmento volte a ficar engessada.
– A tecnologia e inovação não podem ser interrompidas pela burocracia. A pesquisa, num Estado essencialmente agrícola, deveria ser encarada como prioritária, mas infelizmente não é isso que estamos vendo – lamenta Bertoldo.
A sensação dos funcionários é de que a Fepagro vinha sendo deixada de lado pelos últimos governos, que pouco investiram para que a fundação ampliasse seus trabalhos a campo. Com a extinção a caminho, também não se sabe o destino das cerca de 20 estruturas da fundação espalhadas pelo interior do Estado, incluindo o Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), em Eldorado do Sul.
O laboratório, credenciado pelo Ministério da Agricultura, é responsável por cerca de 45 mil diagnósticos por ano de enfermidades de bovinos, suínos e aves.
– Não seria adequado para o setor produtivo que o IPVDF deixasse de funcionar ou fosse prejudicado – afirma Rogério Kerber, presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), que destinou R$ 400 mil ao laboratório em 2015.