Vejam só que histórico isto: a chancelaria da Bolívia tornou públicos documentos oficiais correspondentes às ditaduras militares sul-americanas entre 1966 e 1979, e os colocou à disposição dos interessados a fim de recuperar a memória, afirmou em comunicado difundido nesta terça-feira.
"Os documentos aos quais se terá acesso permitirão revelar a verdade sobre as ações diplomáticas e oferecer dados para poder exercer a justiça", diz o texto.
É importantíssimo que se diga: a Bolívia fazia parte da chamada Operação Condor, com Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai. Era um tipo de intercâmbio entre repressores, um "Mercosul do horror". No caso brasileiro, deve haver muitas informações. A ditadura, por aqui, começou em 1964. Em 1979, veio o pluripartidarismo e o começo da abertura lenta. Pega em cheio!
O chanceler David Choquehuanca assinalou, em documento da chancelaria: "Queremos revelar a verdade das ações dos diplomatas da ocasião". E acrescentou: "Temos a obrigação frente às futuras gerações que a verdade seja conhecida para que saibam como foram estes tempos da ditadura".
A decisão de revelar os documentos havia sido anunciada em junho.
Durante esses anos cinzentos, milhares de opositores foram mortos, desapareceram, foram presos ou exilados, sem que se tenha um número oficial.