O mês de setembro assinala o começo do outono na Europa. É o verdadeiro início do ano no continente depois das festejadas férias de verão. Janeiro é januarius, mês do deus Janus, representado por duas faces coladas e opostas, uma mirando para o passado e a outra, na direção do futuro. Mas é no nono mês do calendário que as tradicionais agendas vendem como baguete quente, e as revistas exibem os mais previsíveis artigos sobre "as resoluções para o novo ano". Depois do dolce far niente de agosto, o estresse logo se instala nos subterrâneos do metrô, novamente tumultuados, e nos semblantes de motoristas impacientes em meio aos frequentes engarrafamentos. Os ministros da República retornam ao debate político bronzeados pelo sol estival, as crianças se alvoroçam nos portões das escolas na volta às aulas, e a vida cotidiana, cultural e gastronômica retoma seu curso, já com os matizes de outono. O setembro francês é o março brasileiro. É o ano que (re)começa.
Toujours Paris
Setembro, o mês dos livros na França
Enquanto folhas despencam das árvores formando tapetes naturais nas calçadas, as livrarias francesas transbordam suas estantes e vitrines de lançamentos
Fernando Eichenberg