O verão europeu se aproxima, e pelo menos uma das medidas adotadas pela França para lutar contra a onipresente ameaça terrorista no país não poderá ser percebida pelos numerosos viajantes de trem. A SNCF, a rede ferroviária francesa, decidiu adotar uma versão dos conhecidos sky marshals, policiais à paisana presentes em voos comerciais de vários países (como EUA, Canadá, Áustria ou Suíça). Os train marshals franceses seguem a mesma lógica: cerca de 3 mil agentes, armados e sem uniforme, vão se misturar à multidão e viajar de trem como passageiros normais, para detectar comportamentos suspeitos e eventualmente evitar ataques e agressões.
Como ações mais visíveis e igualmente inibidoras, sistemas de detecção de metais e de explosivos serão instalados em uma quinzena de estações; três dezenas de cães farejadores serão recrutados e as 40 mil câmeras de vigilância já existentes receberão um upgrade tecnológico. Além disso, seguranças da SNCF poderão revistar bagagens a todo momento, na chegada e na partida dos trens.
O pacote de iniciativas deverá estar em funcionamento até o início da Eurocopa 2016, o torneio de futebol de seleções do continente, que será disputado em estádios franceses entre 10 de junho e 10 de julho. Como se sabe, os terroristas recentemente detidos na Bélgica previam realizar novos atentados em solo francês, com o objetivo de obrigar o cancelamento da Eurocopa. A companhia ferroviária, que tem o selo de transportadora oficial da competição, anunciou um aumento de 50% de seu orçamento destinado à proteção de estações e trens, hoje estimado em cerca de 400 milhões de euros.
– Não se andará mais de trem como antes – admitiu Guillaume Pépy, presidente da SNCF.
TÊTE-À-TÊTE
Dom La Nena
Violoncelista gaúcha radicada em Paris, que se apresentará quarta-feira no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, na turnê mundial do disco Soyo:
Um lugar em Paris?
Île Saint-Louis. Quando saio para caminhar, sempre termino indo até lá.
Uma palavra em francês?
Maintenant ("agora"). Quando criança, foi uma das palavras mais difíceis de pronunciar!
Uma recordação em Paris?
Criança, passava horas com meus pais no bulevar Saint Michel, na livraria e loja de discos Gibert Joseph. Lembro de chegar no setor de música clássica e ficar numa ansiedade tremenda de não conseguir comprar todos os discos. Vivia escondendo pela loja os CDs, para ninguém levar antes de eu ter o dinheiro e voltar lá para buscar!
Paris pela manhã, tarde ou noite?
Pela manhã bem cedo. Atravessar o Marais e chegar até a Île St-Louis antes de a cidade acordar é uns dos meus programas favoritos.
Uma canção de/sobre/para Paris?
L'Acordeoniste, de Édith Piaf. É uma música linda, que fala da rua onde moro atualmente, na época da Piaf. Adoro ficar imaginando tudo do jeito que ela conta (hoje é tão diferente!).
Um show em Paris?
Recentemente o que mais me marcou foi o da violoncelista Sol Gabetta, tocando Chopin e Mendelssohn no Théâtre des Champs-Élysées.
Um palco em Paris?
Théâtre de l'Odéon, acompanhando Jeanne Moreau no centenário de Jean Genet, em 2010. Um dos momentos inesquecíveis que vivi no palco.
Um cantor/cantora/grupo francês?
Barbara, que por sinal tem canções lindas sobre Paris.