Virou moda agora consultar – e contestar – o ChatGPT, a ferramenta de inteligência artificial desenvolvida pelo laboratório americano OpenAI para diálogos virtuais com o público. Outro dia publiquei uma poesia que pedi a ele, e recebi vários comentários irônicos. Um leitor escreveu:
– A poesia do GPT é uma coisa de um primarismo constrangedor. É de dar pena. Qualquer criança de cinco anos faria muito melhor.
No comparativo o homem tem razão, pois crianças de cinco anos costumam mesmo dizer coisas criativas e originais que podem ser consideradas pura poesia. Mas também percebo no seu comentário aquele ceticismo que todos costumamos ter em relação a novas tecnologias, especialmente com aquelas que nos ameaçam. Tão logo surgiu essa novidade que produz textos e desenhos bem razoáveis, muitos de nós tivemos uma recaída de ludismo – o movimento do século 18 que quebrava máquinas na ilusão de preservar postos de trabalho.
Não creio que alguém vá sair por aí quebrando computadores e celulares. Mas é visível a ansiedade dos humanos para provar que são melhores do que os robôs ou para mostrar que eles não são tão bons assim. Como fazemos isso? Duvidando, testando-os, fazendo-lhes perguntas difíceis, às vezes até preparando pegadinhas para desmascará-los. Só para ficar com um exemplo da minha lavra, perguntei ao GPT: quem comete mais erros: a inteligência artificial ou a inteligência humana?
Resposta: “Ambas as inteligências, humana e artificial, podem cometer erros. No entanto, os erros cometidos por inteligências artificiais dependem da qualidade dos dados do treinamento e da programação usada para criá-las. As inteligências artificiais são programadas para seguir regras e processar informações de maneira rigorosa e sistemática, o que as torna menos propensas a erros humanos como preconceitos, julgamentos baseados em emoções e distorções cognitivas. No entanto, ao mesmo tempo, elas estão sujeitas a erros de codificação e falta de compreensão da complexidade do mundo real. Por outro lado, a inteligência humana é capaz de compreender nuances, fazer julgamentos baseados em contexto e aprender com a experiência. O que as torna menos suscetíveis a erros sistêmicos. No entanto, a inteligência humana também está sujeita a erros baseados em preconceitos, emoções e distorções cognitivas. Em resumo, ambas as inteligências têm suas vantagens e desvantagens e cada uma tem suas próprias fontes de erro. Dependendo da situação, pode ser mais adequado confiar em uma ou na outra, mas é importante ter consciência de que ambas podem cometer erros.”
Razoável, não?