Se os astrólogos estiverem certos, este será um ano de reviravoltas, luzes e sombras – inclusive com seis eclipses, quatro lunares e dois solares. O cético aqui já se põe na defensiva:
– Ora, todos os anos têm reviravoltas!
Mas os eclipses me aguçam a curiosidade. Posso até duvidar da interferência dos astros na vida dos terráqueos, mas não posso deixar de reconhecer a simbologia dessa brincadeira de esconde-esconde entre nosso planeta, a Lua e o Sol. Sei que os terraplanistas – cada vez mais numerosos – torcem o nariz para essa ideia de alinhamento cósmico. Só que não dá para ignorar quando a sombra de uma dessas bolas flutuantes oculta parte ou a totalidade da outra. Achar que é efeito especial produzido por Hollywood já é teoria da conspiração demasiada para a minha cabeça.
O que me interessa, porém, como tema para esta primeira crônica do ano, é a questão das reviravoltas. A palavrinha é desafiadora até nos seus múltiplos significados: ato ou efeito de desfazer a volta, giro sobre si mesmo, mudança brusca (inclusive de opiniões). Quando prestei serviço militar, dava meia volta à voz de comando do instrutor: parado, giro sobre o calcanhar do pé esquerdo e a planta do pé direito; em marcha, pé esquerdo no solo, direito um pouco à frente e giro para retomar a caminhada em sentido contrário.
De alguma maneira, treinei para as reviravoltas da vida. Treinamento insuficiente, reconheço. Cada vez que uma crença se desfaz, me desconcerto. Mas gosto de mudanças, de ressignificações, de ser confrontado com os limites da minha ignorância. Tomara mesmo que 2020 nos traga surpresas e novos aprendizados. Os previsores mais otimistas afirmam que entraremos num período de mais consciência social e menos pensamento material, principalmente a partir de março, quando começará o novo ano astrológico regido pelo Sol. Como efeito direto sobre a humanidade, a verdade ficará exposta e todos nos tornaremos mais transparentes. Poderá haver, repito porque é o que mais me impressiona nesses tempos de intolerâncias e drones assassinos, mudanças radicais de opinião.
Se isso ocorrer, será mesmo um ano de reviravoltas. No mínimo, passarei a dar mais atenção para a astrologia.