Uma pesquisa promovida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas nesta antevéspera da virada do ano revelou que os brasileiros farão mais simpatias para ganhar dinheiro do que para encontrar um amor ou para outros propósitos menos votados, como pagar dívidas, conseguir emprego, emagrecer, comprar um carro ou curar uma doença. Confesso que fiquei um pouco chocado com a constatação, pois sempre defendi uma tese que faz parte até de letra de música sertaneja: “O importante é saúde e paz, do resto a gente corre atrás”.
Qual nada! O que as pessoas querem, ao menos a maioria dos participantes da referida pesquisa, é ganhar mais dinheiro. Não sei o quanto esse levantamento é representativo da totalidade da população, mas, pensando bem, conheço muita gente que acredita no poder da grana como solução para todos os males. Longe de mim pregar moral sobre assunto tão delicado. Nem tenho legitimidade para isso, pois também apostei na Mega da Virada com aquela enganosa esperança de ser o contemplado, mesmo sabendo que a chance é uma entre 50 milhões.
Dizem os ultracéticos (me creio um cético moderado) que a esperança foi o último e o pior dos males saídos da caixa de Pandora. Na minha visão, porém, ela representa o limite entre o desejo e a crendice. E funciona melhor quando acompanhada de planejamento e trabalho. Já simpatia, como rito para despertar poderes ocultos que satisfaçam a nossa vontade, está do outro lado da linha. Sinceramente, não faço! Quem quiser fazer que faça. Se não causar mal a ninguém, nem qualquer prejuízo ao próprio praticante, bola pra frente. Até respeito, mas me sinto desconfortável nessa corda bamba da superstição.
Prefiro simpatia naquele outro sentido, definido romanticamente pelo poeta Casimiro de Abreu: “Simpatia, meu anjinho,/ é o canto do passarinho/ é o doce aroma da flor./ São nuvens d’um céu de agosto/ é o que me inspira teu rosto,/ simpatia é quase amor!/.
Portanto, crentes e descrentes, desejo que o Ano Novo nos traga também esse tipo de simpatia!