Foi um choque para o Chico Buarque e para todos os que não somos da geração digital constatar o potencial de ódio e agressividade dos comentários feitos nas redes sociais. Há verdadeiras teses sociológicas sobre o assunto, mas uma das teorias mais difundidas é a de que as pessoas trouxeram para o mundo virtual, que é onde estamos neste momento, os comentários que faziam nos bares ou nas rodas de amigos. Daí porque, segundo essa visão, predominam a maledicência, a intolerância e os preconceitos.
Talvez não seja bem assim.
Há, também, muito bom humor e espirituosidade na rede. Me dei conta disso nesta semana, acompanhando as tuitadas e as wathsapadas sobre o show dos Rolling Stones em Porto Alegre. Lá pelas tantas, um gaiato lascou:
- Temos que começar a pensar no mundo que vamos deixar para o Keith Richards.
A brincadeira sobre a "imortalidade" do guitarrista de 72 anos exemplifica bem a internet da alegria, da diversão, das sacadas e das provocações sadias. Tem muita gente que utiliza a comunicação instantânea com inteligência e graciosidade. E, entre esses, temos verdadeiros craques da criatividade e do humor rápido, que digitam coisas engraçadas em segundos. E não precisam mais do que 140 caracteres para provocar risos e surpresas.
O Twitter, por incrível que pareça, já está fazendo 10 anos. O nome da rede social tem origem no piado do passarinho azul que a representa. Significa, na verdade, gorjear, o trinado dos pássaros, que deveria ser sempre agradável de ouvir. Mas, transposto para as mensagens digitadas, reflete o estado de espírito de quem as digitou. Pode, portanto, ser um piado agressivo ou divertido.
Como sou um otimista, acredito que o bom humor prevalecerá. Afinal, temos que deixar um mundo melhor para o Keith Richards.
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