A situação aflitiva do Grêmio na tabela explica sem justificar o comportamento cada vez mais inadequado e agressivo de Renato Portaluppi nas entrevistas depois dos jogos. Vencendo ou especialmente perdendo, o treinador entrou há algum tempo numa escalada de grosserias e deselegâncias cujo ápice foi a quarta-feira passada (25). Após o fiasco inominável contra o Criciúma, Renato repetiu e ampliou agressões verbais à imprensa de modo geral.
Se antes havia estratégia nisso — ele emitia opiniões polêmicas, era criticado e o seu time, poupado —, agora houve mesmo perdição do maior ídolo da história gremista. O treinador que já sugeri em rede nacional para comandar a Seleção, num Bem, Amigos, que tinha o próprio Renato como convidado, perdeu-se na condução do processo de afastamento do Z-4.
O estresse venceu a batalha. Não definitivamente, combinemos. Sobram rodadas para o Grêmio se distanciar de vez do risco da queda à Série B.
Para que o objetivo seja alcançado, não vai bastar valentia nos microfones. No cenário atual, esta valentia do treinador é inversamente proporcional à sua capacidade de tirar o Grêmio de onde está. Três pontos acima da zona de rebaixamento e tendo pela frente o líder do campeonato em Brasília.
O Botafogo vem de classificação na Libertadores, o que pode levá-lo a um perigoso relaxamento neste sábado (28) à noite ou a uma enorme confiança capaz de melhorar ainda mais seu jogo. Artur Jorge tem feito excelente trabalho no mental dos seus jogadores. A maturidade que o Botafogo apresenta para enfrentar momentos difíceis em nada lembra o time do ano passado, que perdeu o Brasileirão a partir de uma virada de 3 a 0 para 3 a 4 para o Palmeiras no Engenhão.
De lá para cá, o elenco foi modificado, e o comando técnico, também. John Textor abriu ainda mais os cofres e chegaram jogadores de alto nível. O argentino Almada tem retribuído em campo cada dólar investido nele. Luiz Henrique, que veio da Espanha, está tão comprometido com a causa que chegou a passar mal depois da classificação às semifinais da Libertadores em São Paulo quarta-feira passada. Ígor Jesus foi um achado, Savarino atua em excelência jogo a jogo, e o coletivo se firma a cada repetição de escalação.
Este é o adversário contra o qual o Grêmio precisa recomeçar sua reação. Logo depois, virão o Fortaleza, na Arena, e o Gre-Nal, no Beira-Rio. O mais improvável dos cenários para o Grêmio é conquistar nove pontos em nove. O pior, zero ponto em nove. O realista oscila de um a três pontos em nove, vitória ou empate na Arena contra o Fortaleza. Não há sinais neste time gremista tão inseguro de que uma reação forte comece já.