Empatar com o Palmeiras em Caxias do Sul foi façanha. Renato até se atrapalhou nas mexidas quando ainda vencia por 2 a 0, mas o momento é tão tenso que até seu vitorioso treinador acaba engolido pelo contexto precário gremista.
No campeonato que cabe ao Grêmio em 2024 no Brasileirão, a lentidão da direção em providenciar soluções novas a seu treinador assusta. Alberto Guerra sabe mais do que ninguém a quantas anda o combalido cofre gremista e o tamanho do desafio de gastar em recuperar patrimônio atingido pelas enchentes. No entanto, o presidente deve ser o primeiro a saber que não existe nada mais caro para um grande clube do que o rebaixamento.
Embora o Grêmio não tenha cumprido ainda sequer metade da sua tabela de 38 jogos, toda história de rebaixamento tem pontos em comum com rebaixamentos anteriores.
Um deles, gravíssimo e silencioso, é a premissa de que sempre há tempo de começar a reagir. Não foi nesta rodada, será na próxima. Ou na próxima. É quando imprensa e torcida começam a fazer contas.
Para chegar a 45 pontos, é preciso vencer X jogos, pode empatar Y jogos e dá para perder Z jogos. Em dado momento de trajetórias descendentes, vira-se o holofote para a arbitragem, que supostamente passa a prejudicar de propósito o time combalido.
A seguir, monta-se uma estratégia de guerra para chamar a torcida como 12ª jogadora. Alternam-se bravatas como vitória contra o líder do momento e fiascos como derrota para o lanterna. Chega-se, enfim, às rodadas finais com o quadro da dor e a moldura do desespero.
É este cenário pessimista e caótico que expus em texto que a direção gremista precisa evitar. Renato Portaluppi, me parece, não deixaria o Grêmio cair pela quarta vez porque encontraria soluções anímicas para que seu time ficasse pelo menos em décimo-sexto lugar.
Sua missão será tanto menos difícil quanto mais peças disponha para montar uma equipe minimamente competente. É onde entra a direção do clube. Até aqui, letárgica.