Boa parte da torcida gremista viveu dias de preocupação com o que foi vendo ao longo deste Gauchão. Houve vitórias em casa com bons momentos, sim, mas nenhuma atuação pareceu sinalizar que o ano estaria bem desenhado com o que se via em campo. A direção se obrigou a mudar mais do que o discurso diante das dificuldades evidentes que o time enfrentava contra adversários inferiores.
Os dirigentes admitiram a necessidade de mais do que repor a perda irreparável de Suárez. À medida em que Cristaldo se repete em não assumir o protagonismo que dele se espera, que JP Galvão vira a negação do que a torcida gostaria de ver no ataque, que fica ostensivo que Nathan Pescador não poderá ser personagem central do meio-campo, o Grêmio dá seu jeito de ir ao mercado e constituir, enfim, uma nominata de reforços que melhora o humor dos gremistas.
À exceção do lateral-esquerdo Mayk, quem desembarca no aeroporto desce titular. Marchesín, Soteldo, Diego Costa, Pavón e até Du Queiroz estarão entre os 11 do time ideal de Renato Portaluppi.
O treinador terá um trio ofensivo poderoso e experiente, o que o obrigará a ser mais conservador no meio-campo. Partindo do princípio de que Carballo volte da cirurgia pubiana, mostrando um futebol parecido com o que o transformou no melhor jogador do Campeonato Uruguaio, Cristaldo estará seriamente ameaçado em sua titularidade.
Renato poderá moldar um meio mais combativo com Du Queiroz e Villasanti, e a terceira vaga seria disputada por Carballo, Pepê e só então Cristaldo. Para sustentar um ataque tão letal, os meio-campistas terão de se submeter a acordos que os obriguem a jogar sem a bola. Renato já fez um Grêmio vice-campeão brasileiro conservador para bancar três avantes. Kleber, Barcos e Vargas formavam o ataque gremista, o meio-campo tinha Riveros, Souza e Ramiro.
Naquele tempo, o Grêmio goleava por 1 a 0 e não se incomodava de ter a bola menos do que gostaria. Mais recentemente, sem Suárez e com jogadores de meio-campo que não retomaram a melhor forma técnica em 2024, o Grêmio terá de marcar melhor. Não há como negociar esta empreitada diante dos compromissos da temporada, o Gauchão, a Copa do Brasil, o Brasileirão e a Libertadores, cereja mais doce do bolo.
Para ser do primeiro grupo de candidatos a esses títulos, o Grêmio deveria conseguir arredondar a qualidade geral do seu elenco. No entanto, não sendo capaz de bater de frente financeiramente com Flamengo, Palmeiras ou Atlético-MG, a direção gremista faz o que pode para este contexto. O problema é que os endinheirados estão no mesmo mercado buscando a qualidade mais alta de jogadores e o resultado é que vão mais forte para a janela do que clubes que, como o Tricolor da gestão Guerra, tiveram que adiantar o serviço de reforçar o elenco e agora não repetem a mesma ousadia.