Bastou a Argentina derrotar a Croácia com sobras para que a dor da eliminação brasileira voltasse potencializada aos textos e às redes sociais. Como uma cicatriz que nem fechou e volta a sangrar caudalosamente, o 3 a 0 argentino fez o Brasil parecer mais incompetente do que foi. Para quem quiser ir além da bílis, vale contextualizar que a Argentina teve a seu favor poder ver todos os erros que o Brasil cometeu contra a Croácia e também o teto da exaustão que afinal chegou para os croatas.
O mérito argentino não diminui por enfrentar a Croácia cansada. A Argentina foi exata. Cirúrgica. Concentrada. Soube captar todos os sinais da eliminação brasileira. Ganhou, goleou e sobrou. Magoada, boa parte da torcida e da imprensa brasileira voltou a se manifestar vociferando. Pondo abaixo. Queimando a plantação sem dó. Ninguém haverá de cassar o direito de criticar. Excesso já é uma quantificação que vai variar de um para outro. O que é excesso na minha visão analítica de jornalista pode ser vida real para quem vê futebol com outro olhar.
O que me parece claro é que a mágoa prejudica o pensar. E quem vai decidir os futuros da Seleção Brasileira não pode deixar a mágoa dominar sua capacidade de raciocinar. Há grandes jogadores em evolução, jovens ainda não convocados que vão atropelar e experientes derrotados que estarão mais aptos a vencer daqui a quatro anos. E existe pelo menos um treinador que vejo pronto para começar com sensatez e competência este trabalho de garimpo. Chama-se Abel Ferreira.