A Argentina nunca fez uma Copa constante e espetacular nas vezes em que foi finalista. Campeã ou vice, cada passagem de fase em 1978, 1986, 1990 ou 2014 trouxe junto as notas mais angustiantes dos melhores tangos argentinos. Desta vez, antes do fiasco contra Arábia Saudita, a Argentina era considerada integrante do primeiro time de candidatos. O adicional de Messi a dançar seu tango pela última vez em Copa tinha um componente definitivo.
No pensamento mágico tão presente no futebol, esta seria a Copa de Messi subir para a prateleira de Maradona. Creia, essa paz aparente ruiu, e a Argentina só repete sua história. Para ser independente, precisa vencer uma Polônia, que não pretende correr risco algum e tem, para sua bola do jogo, o melhor centroavante do mundo. A vitória sobre o México fez virar o ar no peito da torcida Argentina. Não é o bastante. A inconfiável Arábia Saudita ainda é mais confiável do que o espatifado México.
Messi vai viver, contra a Polônia, outra noite em que todas as câmeras o procurarão. Não só as câmeras, mas os companheiros também recebem a bola com um olho a procurar seu camisa 10. No Barcelona, resolver todas as coisas nunca foi problema para Messi. Era programado para encontrar soluções. Não foi só o tempo que passou. Messi respira mal com tanta expectativa. Foi o protagonista urgente contra o México. Não há a menor garantia de que cumpra este papel três dias depois.
Haverá o jovem e talentoso Enzo Fernández como titular. Será a terceira formação diferente da Argentina. Uma camisa em busca de um time. Em 1978, o Peru sofreu pressão além do esporte, e a anfitriã avançou. Em 1986, havia uma equipe inteira a sustentar Maradona. Sua resposta foi a mais extraordinária dos tempos modernos de Copa. Ganhou para seu país. Quatro anos depois, apoiado numa perna só, Maradona levou o fraco time argentino à decisão perdida para a Alemanha.
No Maracanã, em 2014, Higuaín e Messi tiveram a bola do jogo quando estava 0 a 0. A missão foi grande demais. Não pense que esse rosário dramático está só na cabeça do colunista. A nação Argentina vai para campo com estes pianos nos ombro. Incluindo, e principalmente, Lionel Messi.