Niko Kovac era o treinador renomado que o Bayern de Munique tinha até ser goleado na décima rodada da Bundesliga pelo Eintracht Frankfurt. Foi demitido, assumiu de interino Hans-Dieter Flick, até então um prestativo auxiliar de Joaquim Low no comanda seleção alemã.
Antes, tinha sido treinador do Hoffenheim, demitido em 2005. Em 2006, logo após a Copa do Mundo e depois de passar sem luzes como assistente num clube austríaco, virou auxiliar do atual treinador da seleção alemã.
A interinidade de Flick no Bayern em crise se transformou num incrível fenômeno de sucesso. Saiu do sétimo lugar na Bundesliga para o título. Amassou todos os adversários que enfrentou na Liga dos Campeões antes e depois da pandemia. Injetou uma dose kamikaze de ofensividade no time.
Marcam a cinco passos da linha divisória. Os jogadores compraram a ideia de correr riscos em nome de fazer gols do treinador que, hoje, é unanimidade na Alemanha e na Europa. Se Guardiola e Klopp são ofensivos, o que dizer deste alemão doido?
Montagem do time
O lateral-direito, Kimmich, é volante, foi lançado por Guardiola de zagueiro. O lateral-esquerdo, Daves, é um canadense contratado como ponta-esquerda. O antigo quarto zagueiro é lateral-esquerdo de origem e joga de meia de criação na seleção austríaca, Alaba.
O primeiro volante começou a carreira de meia-armador, Thiago Alcântara. O segundo, Goretzka, parece meia-atacante de tanto que entra na área. O articulador era atacante até pouco tempo, Muller. Perisic faz função de Zagallo pela esquerda, quarto homem de meio com chegada na frente. Gnabry é atacante de lado que fecha para alcançar a marca de um gol por jogo na Liga. E Lewandowski, bem, é Lewandowski, dispensa a legenda.
Favorito
Hans-Dieter Flick é favorito contra Thomas Tuchel, o técnico alemão do Paris Saint-Germain. Está previamente estabelecido o confronto entre o futebol coletivo de alta competitividade e encantamento do Bayern contra o brilho dos fora-de-série do time francês.
Mbappé e Neymar são jogadores capazes de destruir ideias táticas brilhantes do adversário a dribles, negaceios e improvisos. Di María fecharia o trio de ouro num patamar mais baixo, mas ainda relevante. O PSG joga para seus artistas, que retribuem com enorme capacidade de resolução de problemas.
Pelo trabalho de conjunto do Bayern e pela genialidade dos protagonistas do PSG, vai parecer outro esporte o futebol que será visto no Estádio da Luz. Do jeito que o Bayern marca adiantado, impossível que não leve gol do oponente. Há Neymar no auge da sua concentração mental e de sua forma física e técnica.
Do jeito que a defesa francesa se vira, impossível que não leve gol do Bayern. Existe um Lewandowski que simplesmente não desperdiça chance de gol. A questão é quantos gols de cada lado, o que já dá a ideia de o quanto o jogo é espetacular. Pena que num estádio vazio. Esta decisão de Liga dos Campeões terá mais de bilhão de telespectadores. E vai valer a pena.
Outros treinadores
Guardiola deve estar introspectivo depois de mais um fracasso na Liga dos Campeões com seu imaturo Manchester City. O mais revolucionário treinador do mundo errou na escalação contra o Lyon, viu seus jogadores se perdendo no quesito emocional e perdeu para um time francamente inferior ao seu.
Já tinha sido assim no ano anterior, quando eliminado pelo Tottenham. O monstrengo tático que o espanhol lançou a campo na quarta-de-final tornou oficial: não há treinador no mundo que consiga escapar da tentação de inventar.
Quando dá certo, serão geniais, como quando Guardiola no Barcelona transformou Messi em falso nove e ganhou tudo o que jogou no mundo. Quando erra, porém, vai na íntegra para a conta do treinador o insucesso. Guardiola tem mais um ano de City, que escapou da punição da Uefa e jogará a Liga da próxima temporada. Será o ano mais pressionado de Guardiola como treinador.
Torrent e Sampaoli
Domènec Torrent tenta dar sua cara ao Flamengo cuja cara anterior era só sorriso de campeão. Dome, quando perdendo ou empatando, bagunça o time em busca da vitória. Enche de atacantes e tira quem os alimenta. Não costuma dar certo. É seu maior desafio na carreira. Se não der certo no Flamengo, será sempre o auxiliar com quem Guardiola se aconselhava na hora difícil. Não mais do que isso.
Sampaoli está em Porto Alegre com seu pouco confiável e muito ousado Atlético-MG. A defesa vaza por dentro e pelos lados, mas os mineiros buscam o gol com sofreguidão. A derrota para o Botafogo na última rodada foi justa e poderia ter vindo na estreia contra o Flamengo. O técnico argentino quer mais reforços, não creio que consiga na quantidade que pediu. Até os mecenas do Atlético-MG têm limites.