Foi ainda segunda-feira passada (11), Renato Portaluppi estava à vontade como sempre na bancada do Bem, Amigos!, e só maneirou quando falou das razões do fracasso da Seleção Brasileira na Copa de 1990. Antes e depois, foi sincero em relação a tudo o que está acontecendo no seu Grêmio e o que ainda está por vir.
Ouvindo cada frase, concluí que o treinador tem muito claro em mente o que dá para fazer com o elenco de que dispõe em 2019. A contratação de Diego Tardelli é a cereja do bolo, já que Renato pensa nele em mais de um lugar e confia, especialmente, na inteligência do atacante para jogar futebol e compensar a eventual redução no vigor ou na velocidade.
No mesmo programa, chamei Renato Portaluppi de revolucionário. Corri o risco de soar exagerado, mas correr riscos é parte do ofício que escolhi para minha vida. Não vou deixar de expressar o que penso como projeção, diagnóstico ou repercussão pelo singelo fato de que sou pago para falar e escrever o que penso.
A revolução de Renato foi ter consolidado com faixa no peito o que Roger Machado iniciou corajosamente entre 2015 e 2016. Na verdade, o treinador aprofundou a mudança proposta pelo técnico anterior e foi tão além que transformou mudança em mutação.
O Grêmio, que fazia seu torcedor vibrar com um carrinho na linha divisória para ceder lateral, agora ensina este mesmo torcedor a comemorar lances bonitos, vitórias consagradoras, conceito contemporâneo de praticar o esporte. Só é possível com taça no armário. O resultado protege a revolução, ao mesmo tempo em que a revolução leva ao resultado. É a roda a girar e gerar energia.
Na Libertadores, o Grêmio estará no primeiro grupo de candidatos com Palmeiras e Flamengo. No Gauchão, é favorito. No Brasileirão, transformou a dobradinha de paulistas e cariocas em trio com perspectiva de conquista. A eventual perda de Everton pode abalar esta posição, mas só se saberá adiante. Neste momento, mesmo sem ter sido finalista da Libertadores e tendo terminado o Brasileirão atrás do Inter, o Grêmio é balizador no futebol brasileiro. É o Grêmio que joga para ganhar e encantar.
Neste domingo, com time mesclado, o Grêmio enfrentará um Brasil, em Pelotas, às portas do desespero. Entusiasmado, Renato Portaluppi provocou todos os treinadores que preferem jogar reagindo. Disse:
— Não querem a bola? Não tem problema, deem para o Grêmio.
Não era bravata, mas afirmação do que Renato entende ser o que há de mais moderno em futebol. O treinador está prestes a ter em mãos material humano suficiente para jogar com Luan, Tardelli, Everton e Felipe Vizeu como quarteto final. Se sedimentar esta formação, estará superando todos os índices possíveis de ousadia. Renato pode. Banca esta autoridade com títulos. Não tem outro jeito para ser tão protagonista.