Luiz Carlos Winck já foi personagem desta coluna quando fazia boa campanha com o mesmo Caxias, que acabou eliminado nos pênaltis pelo Inter em 2017. Passado um ano, o treinador de 15 anos de carreira se considera pronto para uma chance em clube grande. Eu o acompanho nesta premissa.
Abaixo, você vai ler trechos da conversa embalada em bom samba que tivemos na gravação do primeiro Botequim do Maurício de 2018, que vai ao ar na terça-feira de carnaval.
O que falta para você ser convidado a trabalhar num clube grande brasileiro?
Não me angustio com isso. Faço o meu trabalho com seriedade, vejo tudo de futebol, olho com atenção o trabalho dos treinadores já afirmados no Brasil e no mundo, leio o que me cair nas mãos relacionado a tática, métodos de treinamento...estou feliz no Caxias, para onde voltei com a unanimidade da torcida e da nova direção do clube. Mas acho - acho, não, tenho certeza - que estou pronto para quando esta chance no clube grande aparecer. Não estou dizendo que não tenho mais nada a aprender, mas que já me considero pronto para trabalhar na exigência de um clube grande. Logo que iniciei o trabalho no Criciúma, conseguimos excelentes resultados, o time saiu do zero ponto para a oitava posição. Naquele momento, recebi sondagem para assumir o Inter (treinado então por Guto Ferreira) caso o time não começasse a alcançar os resultados necessários para o acesso. Depois, saí do Criciúma porque um dirigente tinha métodos de trabalho que não fechavam com os meus. O presidente, aliás, me chamou para começar 2018 no Criciúma.
Por que não aceitou voltar para o Criciúma, que está na Série B, para ficar no Caxias, que jogará a Série D?
Porque eu já estava apalavrado com o presidente do Caxias, meu trabalho é reconhecido aqui, quis retomar o trabalho tão bom de 2017, interrompido pela eliminação nos pênaltis para o Inter nas semifinais. Agora, tivemos que montar outro time, restavam poucos jogadores do elenco anterior. Nícolas, por exemplo, estava em 2017, mas machucado. Agora, é um dos destaques do time. Meu time é forte na bola aérea, na bola parada. O grupo para este Gauchão deu resposta bem rápida ao que nós propusemos, daí os resultados tão bons.
Em 15 anos de carreira, o que já lhe aconteceu de inusitado que hoje conta como currículo na sua bagagem de treinador?
Todas as dificuldades de quem saiu do Rio Grande do Sul para ter outras experiências e viveu a realidade do futebol de outras regiões. No campeonato amazonense, por exemplo, andei 30 horas de barco ida e volta para jogar em Coari contra o Coariense. Eu era técnico do São Raimundo. Uma vez, para treinar durante uma longa viagem, fiquei com os jogadores esperando um índio cortar a facão pedaços de pau para marcar o espaço de terreno em que treinaríamos. Já peguei avião que sacudia de um jeito, que eu nem sabia se chegaria... e ainda tinha a volta! Isso tudo nos dá bagagem, faz parte do meu currículo, sim.
Luiz Carlos Winck é da família dos treinadores estudiosos ou instintivos? Quem são suas referências entre os técnicos já bem-sucedidos?
Gosto da ideia de juntar estudo com a experiência de campo que tive como jogador. Leio, leio muito, mas também sei o valor de ter sido líder e muitas vezes capitão do Inter, por exemplo. Um treinador hoje é, antes de tudo, um gestor de pessoas. Não adianta só saber tática ou métodos inovadores de treinamento. Eu lido com gente. Quanto aos treinadores da minha admiração, Ênio Andrade, Carlos Alberto Silva, Carlos Alberto Parreira...dos contemporâneos, gosto especialmente de José Mourinho, mas claro que presto atenção em Guardiola.
Claramente, você já roeu muito osso... Está pronto para comer o filé?
Sim, não tenho dúvida disso. Eu estou pronto.