Mais do que a presença de milhares de apoiadores na Avenida Paulista, a fotografia do palco em que estava Jair Bolsonaro neste domingo, 25, reforçou que será quase impossível não repetir em 2026 a polarização do último pleito.
Diante da inelegibilidade imposta pela Justiça, alguns dos principais interessados em receber a bênção do ex-presidente para substituí-lo nas urnas quiseram olhar de cima a multidão vestida de verde-amarelo. Mas os discursos foram calculados e nem todos os possíveis candidatos usaram o microfone.
Ex-ministro e eleito somente por ter recebido o apoio de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), tentou não decepcionar o público, ergueu as mãos com o ex-presidente e garantiu fidelidade. A situação do governador é delicada. Ao mesmo tempo em que busca se dissociar dos bolsonaristas radicais, teme a pecha de ingrato ou traidor.
Outros governadores que tentam se cacifar ao Planalto sem aderir integralmente às pautas do ex-presidente estiveram no ato. Com uma camiseta branca, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), evitou discursar, mas nas redes sociais postou fotos com o povo ao fundo. Mesma postura foi adotada por Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que pretende liderar a candidatura de direita na campanha à reeleição deste ano.
A presença maciça de apoiadores já era esperada. No palco, nomes importantes da direita que avaliam disputar o espólio de Bolsonaro não compareceram. É o caso, por exemplo, do governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD).
Estratégias eleitorais à parte, o fato é que, mesmo diante dos indícios de que planejou uma virada de mesa em 2022, Bolsonaro não perdeu prestígio com a maioria de seus eleitores, e seu apoio será indispensável para quem quiser enfrentar a provável candidatura à reeleição do presidente Lula.