O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu a portas fechadas nesta quinta-feira (4) com o novo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Antônio Amaro dos Santos, e seu antecessor no cargo de forma interina, Ricardo Cappelli. O encontro ocorreu antes da posse oficial de Amaro, ocorrida em gabinete e sem discursos.
Em clima amistoso, a conversa tratou do futuro da pasta — que ficou em evidência após os atos golpistas de 8 de janeiro. Segundo apurou a coluna, Lula pediu a Cappelli que repetisse no encontro uma sugestão antecipada a ele dias antes.
Para o interino, é necessário rever a atual estrutura de segurança do presidente, pois hoje ela estaria fragmentada e sem comando único. Manter a Secretaria Extraordinária de Segurança e Coordenação Presidencial ligada ao gabinete de Lula e, ao mesmo tempo, a Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, no GSI, cria dificuldades de organização.
Cappelli exonerou o general de brigada Marcius Cardoso Netto, que estava à frente da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, após a saída do general Gonçalves Dias do GSI — em um episódio em que se apura suposto boicote de militares lotados na pasta. Agora, o cargo está livre para nomeação de uma pessoa de confiança de Amaro.
A Secretaria Extraordinária de Segurança e Coordenação Presidencial, que é ligada ao GSI, é comandada pelo delegado da Polícia Federal Alexsander Castro de Oliveira, cuja equipe é formada essencialmente por agentes federais.
Nos eventos em que Lula participa, o esquema de segurança tem sido dividido entre os seguranças civis, que ficam no perímetro mais próximo, e os militares do GSI, responsáveis por cercar o raio de atuação.
A secretaria foi criada por decreto de forma temporária, até 30 de junho. O objetivo foi utilizar o período para "desbolsonarizar" o GSI, retirando militares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A permanência de agentes nomeados no governo passado, inclusive, é um dos motivos identificados pelo Planalto para a facilitação do acesso dos manifestantes que depredaram a sede do Executivo, em janeiro.
Cappelli já manifestou internamente e em entrevistas que é preciso ter clareza sobre quem será responsabilizado caso haja uma falha na segurança do presidente.
A reunião desta quinta também foi acompanhada pelos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta. Cappelli usava uma gravata com as cores da bandeira do Brasil. Lula, segundo relatos à coluna, ficou encantado com a estampa, disse que possui uma parecida e também a utiliza em momentos especiais.
O presidente elogiou Cappelli por mais uma "missão" cumprida no governo — antes, ele foi interventor de segurança do Distrito Federal diante do afastamento do governador Ibaneis Rocha e a necessidade de controlar os ataques aos poderes.
Diante de Costa e Pimenta, o presidente finalizou, em tom descontraído, que ainda irá tirar Cappelli do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, de quem é secretário-executivo.