No último dia útil do ano passado, o dólar fechou com variação para baixo de 0,22%, encerrando em R$ 6,18. Nesta quinta-feira (2), primeiro dia útil de 2025, voltou a abrir com oscilação para cima, ainda que pouco visível, de 0,06%, para R$ 6,184.
As primeiras movimentações já dão o tom do ano, para o qual analistas veem o patamar de R$ 6 como piso para a moeda americana no Brasil. Ou seja, há certo consenso de que dificilmente a cotação baixará desse nível, a não ser em episódios muito específicos, a menos que o governo Lula adote nova postura sobre os gastos públicos.
Se há algo que já se sabe sobre este recém-iniciado 2025 é que terá desafios em sequência para a moderação ou até a estabilidade cambial. Traduzindo: o que se espera é que seja um período ainda mais nervoso no câmbio, com altas e baixas que podem ser bruscas e acentuadas.
O Brasil estreia em 2025 sem orçamento federal aprovado pelo Congresso e com um passivo na relação com o Executivo deixado pelo imbroglio da suspensão do pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão. O tamanho exato dessa conta provavelmente só será conhecido na retomada depois do recesso parlamentar, a partir de 2 de fevereiro.
Antes, está prevista a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 20. A simples eleição já provocou fortes reações, pressionando a moeda de vários países, principalmente os emergentes, como o Brasil. Quando surgirem as primeiras medidas prometidas – ou ameaçadas –, a turbulência deverá ser ainda maior.
Mesmo se o orçamento federal de 2025 for aprovado sem grandes sustos – não se descartam retaliações em forma de gastos ainda maiores, o que levaria desgaste adicional ao governo Lula – ainda haverá cobrança de novas contenções de despesas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia sinalizado que qualquer nova medida esperaria até março. O câmbio será um dos termômetros que vão definir se a espera por novas iniciativas de contenção de despesas é ou não viável.
Um dos fatores de pressão que fez o dólar alcançar o recorde nominal de R$ 6,267 em dezembro passado só volta daqui a 11 meses: o movimento de saída acentuado por remessas de lucro ao Exterior de empresas que operam no Brasil.
Iniciada em 12 de dezembro, a oferta de dólares pelo Banco Central (BC) passou de US$ 30 bilhões, em tese para garantir volume suficiente para atender a esse fluxo. Neste ano, a expectativa é de que ocorram menos intervenções. A conferir.