A 29ª conferência do clima da ONU que começa na próxima segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão, tinha como objetivo fazer com que países assumissem metas apertadas para emissão de gases de efeito estufa (GEE) - os maiores causadores da mudança do clima. São as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
Com a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, quem terá decisões a tomar na COP29 será perturbado por um slogan repetido centenas de vezes pelo republicano na campanha: "Drill, baby, drill!". Em português, "drill" significa "perfure", palavra que especifica a principal ação da indústria petroleira, uma das maiores causadoras dos GEE.
A expectativa fundada de que Trump volte a abandonar o Acordo de Paris tira o sono dos climatologistas. E nesse universo se discute se 2024 será o ano que vai cruzar a barreira do aumento da temperatura do planeta em mais de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Esse é o limite para frear a mudança antes que seja tarde demais.
Um dos principais animadores da esperança de conter o agravamento das tempestades, John Kerry, que foi assessor para assuntos de clima da presidência dos EUA até março, tentou relativizar o peso de Trump:
— Uma pessoa, um homem, nem mesmo o poderoso presidente dos Estados Unidos, pode tirar dos trilhos os esforços de 200 países ao redor do mundo.
Kerry deu essa declaração na quinta-feira (7), em participação virtual na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, organizado em Belém pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Os EUA serão representados na COP29 pelo atual ocupante do cargo que já foi de Kerry, John Podesta, além dos secretários (como ministros são chamados por lá) de Agricultura, Thomas Vilsack e de Energia, Jennifer Granholm. São todos ligados ao governo Biden, que termina em janeiro. Significa que não poderão se comprometer.
Sem ao menos um discurso ambiental - não se sabe qual seria a contribuição exata - da maior economia a favor da transição energética, a que vão responder países com menor capacidade de investimento? A COP28, em Dubai, já foi sintomática: tinha mais turistas do que ambientalistas. O risco é que isso volte a acontecer. E não se sabe o que sobrará para a COP30, em Belém.