A intenção do Brasil era incluir na declaração final da reunião de cúpula do G20, o grupo das maiores economias do planeta, a taxação dos "super-ricos". O que entrou no texto, a duras penas, foi a expressão "procuraremos nos envolver cooperativamente para garantir que indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto sejam efetivamente tributados".
Quem? Em inglês, existe até uma sigla, UHNWI, de Ultra-High-Net-Worth Individual. São pessoas físicas que têm patrimônio de pelo menos US$ 30 milhões (R$ 172 milhões). Isso significa posse de bens que podem ir de imóveis a aplicações, passando por ações. É a elite da elite.
Conforme o Knight Frank's 2024 Wealth Report, no final do ano passado havia apenas 626,6 mil indivíduos nessa categoria em todo o mundo.
Nesse universo, estão, é claro, os 2.781 bilionários existentes no planeta, conforme a lista da Forbes. A relação é liderada por nomes conhecidos como Elon Musk (US$ 195 bilhões), Jeff Bezos (US$ 194 bilhões) e Mark Zuckerburg (US$ 177 bilhões).
No Brasil, entrariam na lista dos ultra-ricos Eduardo Saverin, o sócio supostamente "passado para trás" de Zuckerberg (R$ 168 bilhões ou cerca de US$ 28 bilhões), Vicky Safra (R$ 110 bilhões, ou cerca de US$ 19 bilhões) e Jorge Paulo Lemann (R$ 92 bilhões ou cerca de US$ 15 bilhões) e seus sócios da 3G Capital. Nenhum paga os principais impostos no Brasil há muito tempo, por estarem domiciliados no Exterior.
Uma estimativa da consultoria britânica Newmark é de que o número de UHNWI no Brasil chegue a 6 mil no próximo ano. Como o ponto de corte é em dólar, o total depende do câmbio. E sempre é bom ressaltar: o texto é "procuraremos nos envolver" e o G20 não obriga os países-membros a cumprir qualquer decisão.