Depois de meia dúzia de adiamentos, a Petrobras assinou 26 contratos de concessão para explorar petróleo na Bacia de Pelotas.
Como a coluna informou, quando isso ocorre a empresa se compromete a investir em um "programa exploratório mínimo" que chega a R$ 1,56 bilhão para os 44 blocos arrematados no leilão de dezembro de 2023.
Mas a expectativa de que surja uma frota de navios no litoral gaúcho nas próximas semanas não é realista. Os primeiros serviços de exploração não necessariamente incluem embarcações.
É bom lembrar por que a Bacia de Pelotas, que já foi uma área geológica pouco valorizada no Brasil, voltou a atrair interesse: houve grandes descobertas na Namíbia, que fica do outro lado do Atlântico Sul.
Há cerca de 350 milhões de anos, o que hoje são os continentes na América e da África estavam unidos. Era a Gondwana, que deixou como "cicatrizes" da separação formações rochosas de origem vulcânica como o Itaimbezinho e os paredões de Torres, deste lado, e um conjunto conhecido como Ethendeka na Namíbia.
Para entender os próximos passos, também é preciso saber o que é, exatamente "exploração". Essa etapa não começa no local, mas à distância. Envolve o estudo da área e a complementação dos dados já disponíveis. Nada disso ocorreu desde dezembro de 2023, exatamente pelo adiamento do prazo para assinatura dos contratos.
Caso aponte para a possibilidade de existência de um volume significativo de óleo no fundo do mar, pode chegar o primeiro navio: seria um destinado a fazer o chamado "levantamento sísmico".
Essa última palavra parece familiar? "Sismo" é um sinônimo de terremoto. Mas calma: o princípio desse trabalho é mesmo um "choque", mas com ondas de som, nada parecido com a violência de um tremor de terra.
Se tudo confirmar a alta probabilidade de existência de "petróleo gaúcho", só então ocorre a primeira perfuração do subsolo marinho. É a única forma de ter certeza sobre a jazida. Caso a avaliação de custo/benefício seja positiva, só então termina a etapa de exploração e começa a de produção.
Mas também não se deve descartar uma situação oposta, como já ocorreu outras vezes na costa gaúcha: feitos os estudos, a Petrobras pode perceber que existe risco de não encontrar reserva grande o suficiente para justificar mais investimentos. Nesse caso, simplesmente devolve a área.