Seja para fugir das regiões afetadas pela enchente ou para buscar abrigo em imóveis emergenciais, mais pessoas procuraram residências para alugar em Porto Alegre em maio. Imobiliárias observam aumento de até 67%, sobretudo em demandas por apartamentos com custo de locação entre R$ 1 mil e 1,5 mil, afastados das áreas de risco e para contratação entre 30 e 180 dias.
Essa proporção foi detectada na Auxiliadora Predial, uma das maiores de Porto Alegre. Sócio-diretor da empresa, Mário César Soares diz que também houve também diminuição de oferta, mas apenas de residências mais acessíveis e em regiões onde a água não chegou. Mesmo assim, diz que, até agora, os preços estão estáveis.
— Alugamos tudo que tínhamos em Menino Deus, Petrópolis, Santana, Partenon e Morro Santana, nessa faixa de até R$ 1,5 mil. Como reduziu a oferta, o cliente fica com a percepção de que os preços aumentaram, porque não encontra um imóvel acessível no Petrópolis, por exemplo. Mas não houve movimento dos proprietários para aumentar preços.
Gerente de locações da Guarida, Tiago Seltenreich também observa crescimento de cerca de 20% nos aluguéis residenciais em Porto Alegre. Acrescenta que, após intensificação da procura por apartamentos para desabrigados, existe demanda represada de clientes que deixaram de pesquisar imóveis durante a cheia.
— Tem essa combinação que movimenta o mercado de aluguéis, principalmente da última semana até agora. Por isso, também há tendência de aumento de oferta, é um momento oportuno. Hoje, o cliente encontra opções, mas que estão sendo consumidas rapidamente — diz Seltenreich.
O aumento na procura por aluguéis residenciais também é identificado pela Imóveis Certa, com foco na região central de Porto Alegre. Segundo o gerente de locações, Gustavo Goron, houve alta de 20% em contratos assinados.
— São pessoas que não podem ou não querem voltar para as suas casas. A tendência é se manter assim, ao menos no curto prazo. É um aumento quase diário, não só por canais digitais, mas também de forma presencial — afirma.
Até agora, como sustentam os executivos de imobiliárias, não houve elevação dos valores unitários dos alguéis. Mas com demanda aquecida, existe o risco. Em alguns sites, há oferta de apartamentos de um dormitório por R$ 3,9 mil.
*Colaborou João Pedro Cecchini