Embora tenha caído 47,9% em relação do mesmo período do ano passado, o lucro líquido da Gerdau no primeiro trimestre deste ano ainda chegou a R$ 1,2 bilhão.
O que permitiu a manutenção de ganho bilionário, afirmou o CEO, Gustavo Werneck, foi a intensa atividade econômica nos Estados Unidos, onde o grupo tem várias unidades.
Ao apresentar o resultado dos três primeiros meses de 2024, a Gerdau também comunicou que estuda a instalação de uma nova planta de produção de aços especiais com capacidade de produção de 600 mil toneladas ao ano no México.
A empresa não confirma, mas o mercado estima o investimento necessário em US$ 600 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões). Segundo Werneck, a iniciativa decorre da decisão de várias montadoras de veículos e outros clientes de aumentarem a capacidade no México, seguindo a tendência conhecida como "nearshoring" - disposição de aproximar a produção dos centros de consumo nos Estados Unidos.
— O México deve ser um grande fornecedor no futuro. Como os EUA precisa importar muitos aços especiais para atender a sua necessidade, nada mais natural do que ter fabricantes de aço por perto — justificou o executivo.
Sob intenso assédio de exportações chinesas desde o ano passado, o que já provocou centenas de demissões só na Gerdau, a empresa considera "muito positiva" a decisão do governo federal de adotar salvaguardas para reduzir as importações consideradas anticoncorrenciais.
— Vai dar condições para as indústrias nacionais de produzir mais. Os fechamentos de capacidade podem ser revertidos se os volumes de importação começarem a ser reduzidos nos próximos meses — detalhou Werneck.
Como as medidas foram anunciadas no final de abril, o resultado do primeiro trimestre ainda foi impactado por essa realidade, ressaltou o executivo. Em março, as importações chinesas subiram mais 46%, elevando para 20% a chamada "taxa de penetração", ou seja, quanto do mercado foi abastecido por matéria-prima importada.