Marta Sfredo

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A coluna online é um pouco diferente da GPS da Economia, de Zero Hora, que também assino. Aqui, cabe tudo. No jornal impresso, o foco é em análise dos temas que determinam a economia (juro, inflação, câmbio, PIB), universo empresarial e investimentos.

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Análise

Se recursos forem liberados, como vamos decidir que obras são prioritárias?

Governador acenou com a criação de uma "autoridade específica", que poderá definir parâmetros para acelerar reconstrução

Marta Sfredo

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Caso seja mantida a promessa de eliminar restrições burocráticas feita pelos chefes dos três poderes e das instituições de fiscalização no domingo, diante da  tragédia no Rio Grande do Sul, a iniciativa vai marcar um mudança histórica para responder a tempestades severas provocadas por mudança climática.

Se foi tardio, porque ainda falta recursos e equipamento para o socorro imediato, o alinhamento foi ao menos unânime, tanto no reconhecimento da excepcionalidade do que aconteceu no Estado quanto na constatação de que uma situação sem precedentes exige reação sem precedentes

Tanto da jornalista que assina esta coluna quanto de profissionais que conhecem com mais  profundidade as finanças e os meandros do setor público, há preocupação com o longo tempo necessário para aprovação de uma proposta de emenda constitucional (PEC), se a prometida aceleração depender disso. 

Como observou o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha, a liberação excepcional de recursos ante catástrofes já era prevista pela Lei do Teto de Gastos e seu substituto, o atual arcabouço fiscal, é ainda menos rígido. A autorização de créditos extraordinários seria mais rápida e efetiva.

O caminho escolhido para reduzir a burocracia deve servir de modelo, ao menos preliminar, para destinar recursos ao socorro e à reconstrução para outras regiões assoladas por desastres climáticos. Esse foi um dos recados dados no domingo, nesse caso pelo ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes:

— Entendo que o cenário é de guerra. Mas precisamos garantir o mesmo tratamento para todos e trabalhar na prevenção.

Se a ideia é dar o mesmo tratamento a todos - nada mais justo, observadas eventuais  diferenças de circunstâncias -, a abertura do caminho para a reconstrução do Rio Grande do Sul pode também assinalar a virada na estratégia para combater a mudança climática. Evidência maior do que essa do que nos espera à frente caso sigamos apenas reagindo pontualmente, a coluna quer acreditar, não haverá.

No domingo, o governador Eduardo Leite também mencionou a criação de uma "autoridade específica" para abrigar um corpo técnico que vai se focar na reconstrução. Essa instância concentraria decisões para acelerar e priorizar obras. O Estado perdeu dezenas de pontes e é preciso recuperar centenas de estradas. Por onde começar? Será preciso pactuar parâmetros - por exemplo, a população impactada em cada obra (essa é só uma tentativa de ilustrar o tipo de desafio que nos aguarda, não uma sugestão). 

O resgate ainda não terminou, mas o planejamento da reconstrução precisa começar, em paralelo, para que se perca menos empregos, menos renda, menos elos produtivos, menos infraestrutura. 

Leia mais na coluna de Marta Sfredo

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