Será a primeira vez em 38 anos que a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) terá disputa para a direção no período 2024/2027.
O único precedente ocorreu em 1986, na sucessão de Luiz Octavio Vieira. Luiz Carlos Mandelli venceu Roberto Brauner Penteado, que chegou a entrar na Justiça contestando o resultado. O mandato de Luiz Octavio foi prorrogado por um ano até que saiu decisão favorável a Mandelli.
A promessa é de debate civilizado de visões sobre como conduzir a maior entidade empresarial gaúcha. A coluna ouviu os dois candidatos, Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas (Simers) e Thômaz Nunnenkamp, presidente do Sindicato das Empresas do Complexo Industrial da Saúde (Sindicis) para entender as motivações da disputa. A escolha ocorre no dia 21 de maio, das 10h às 16h. Cada sindicato de empresas do setor industrial ligado à federação tem um voto, presencial, por meio de cédula impressa.
Bier é o candidato alinhado ao atual presidente Gilberto Porcello Petry e tem como vices André Bier Gerdau Johannpeter, Arildo Bennech Oliveira, Claudio Teitelbaum, Clovis Tramontina, Maristela Cusin Longhi e Ubiratã Rezler. Nunnenkamp abriu divergência e tem como vices Cezar Luiz Muller, Marcos Oderich, Marlos Davi Schmidt, Mateus Bertolini Sonda, Sergio de Bortoli Galera e Ubirajara Terra.
Claudio Bier: "Já fiz acontecer, quero fortalecer a Fiergs"
"Um grupo de industriais quer, há muito tempo, que eu fosse indicado. Não aceitei porque era a vez do Heitor Müller, depois veio o Petry. Respeitei a hierarquia, agora chegou a minha vez. Entrei na vida sindical como dirigente do Sindicato de Máquinas Agrícolas (Simers), estou há 22 anos na presidência. Meu diferencial foi a ideia de fazer o parque de máquina agrícolas na Expointer. Tinha só uma rua com equipamentos. Na época, disse ao então governador Olívio Dutra que, se ele entregasse a área, transformaríamos em um parque de máquinas. Os parceiros querem que eu seja presidente da Fiergs também pela minha facilidade de tratar com todos os tipos de governo. Sou muito amigo do Petry, mas tenho um jeito de administrar diferente. O Petry é concentrador, gosta de olhar tudo, conferir tudo. Eu delego tudo. Uma das ideias é contratar um diretor executivo de altíssimo nivel que possa tocar o dia a dia para que o presidente possa ter capilaridade politica. Quero que os vices tenham funções. E tem de mexer na estrutura da casa, para tornar mais leve, mais ágil. Se for o caso, fazer um enxugamento. Mas será uma travessia com muita serenidade. Também pretendo aprimorar os serviços do sistema S, qualificar estudos técnicos, fortalecer os sindicatos patronais. E ter uma política industrial. para que a Fiergs seja protagonista do desenvolvimento do Estado, com um conselho consultivo formado por grandes empresários para ajudar a presidência e a diretoria em assuntos cruciais. Já fiz acontecer, quero fortalecer a Fiergs.".
Thômaz Nunnenkamp: "Queremos uma governança mais moderna"
"Não foi possível compor. Há meses, elaboramos princípios que consideramos importantes, debatidos com vários colegas. Não é um projeto do Thômaz, mas de um grupo que buscou um nome para cumprir a missão. Fui convidado e aceitei. Queremos uma governança mais moderna, com maior transparência. Isso não significa que haja uma caixa preta na Fiergs, mas queremos aproximar a federação dos sindicatos e das empresas que os sindicatos representam. O modelo de gestão da Fiergs mudou muito pouco desde que a entidade foi fundada. Ainda funciona com base no modelo de capitão de indústria, que define tudo, manda soltar e prender. A chapa mistura jovens e experientes, que entendemos que a entidade tem de evoluir, como várias evoluíram em gestão, em liderança. Não há briga, ontem mesmo (na terça-feira) sentei ao lado do Claudio (Bier). São visões diferentes de como fazer. Tem pessoas com mais conservadora, nós temos visão que não é revolucionária, é evolucionária. Defendemos um modelo de gestão e participação mais intenso, com associados e diretoria. Não é oposição. O ponto comum é atuar em defesa da indústria, o que diferencia é como. No passado, o Tigre (Paulo), definiu a educação como um vetor. Só agora está acontecendo. Queremos ações mais rápidas. e mais participativas. Muita gente se ressente de que as decisões não são tomadas de forma mais colegiada. Não queremos destruir nada, queremos construir em cima da solidez que é a Fiergs. E pensar a entidade com visão do século 21."