No terceiro trimestre, a gaúcha Grendene teve queda de 22,9% no lucro líquido em relação ao mesmo período do ano passado. A indústria, que é uma das maiores exportadoras de calçados do Brasil e uma das maiores produtoras mundiais, enfrentou cenário adverso.
— Foi um trimestre desafiador, assim como o primeiro e o segundo. As condições macroeconômicas comprimem a renda do consumidor, o que impacta no consumo. Itens considerados não essenciais, como os calçados, acabam sofrendo neste cenário — afirma Alceu Albuquerque, diretor financeiro e de relações com investidores da Grendene.
Entre julho e setembro deste ano, a Grendene teve aumento de 37,6% no ebitd (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos e depreciação), um indicador de geração de caixa das companhias. Por outro lado, a receita líquida caiu 3,5% em comparação com o mesmo período no ano passado, para R$ 689,1 milhões. Foram vendidos 41,1 milhões pares de calçados, retração de 7,2%; a receita bruta por par se manteve estável, em R$ 20,50.
— Embora a receita tenha caído, observamos um belo crescimento das nossas margens, a bruta saiu de 39,8% para 45,5% em comparação com o terceiro trimestre do ano passado — complementa Alceu.
As exportações também encolheram no terceiro trimestre deste ano ante o mesmo período no ano passado. O número de pares exportados saiu de 7,4 milhões para 7,3 milhões, redução de 2,2%. A receita bruta proveniente de exportações registrou queda maior, de 8,3%.
— No mercado externo, o cenário não está muito diferente do que se vê no Brasil, com taxas de juro altas e inflação, o que também leva a um desaquecimento — reforça o diretor da companhia.
O quarto trimestre costuma ser o mais forte para a Grendene. Por isso, Albuquerque espera bons resultados, mas com cautela.
— O terceiro e o quarto trimestres normalmente são os mais fortes. No quarto, temos eventos como a Black Friday e Natal. Então, temos expectativa positiva, mas com cautela, porque a inflação tem caído, mas continua alta, e o mesmo ocorre com o juro — enfatiza.
*Colaborou Mathias Boni