Como a coluna observou na sexta-feira (17), esta segunda-feira (20) pós-eleitoral é feriado na Argentina.
Mesmo no dia em que os mercados não funcionam na Argentina, alguns ativos negociados no Exterior já deram sinais do que esperar para a terça-feira (21): o dólar cripto se elevou acima de 1.00o pesos, enquanto os ADRs (American Depositary Receipt, que representam papéis de empresas argentinas negociados em Nova York) dispararam até quase 35%, puxadas pela YPF, espécie de Petrobras do país vizinho, que Milei quer voltar a privatizar.
O feriado não tem a ver com a votação: a data é relativa ao Día de la Soberanía Nacional, cujas bases serão testadas no governo de Javier Milei, que pela manhã confirmou a intenção de extinguir o Banco Central de la República Argentina (BCRA), enquanto aliados preveem também o cumprimento da promessa de dolarização, ainda que em "processo longo".
A Yacimientos Petroliferos Fiscales (YPF), estatal de petróleo que causou polêmica pela parada de manutenção que contribui para a escassez de combustível no intervalo entre o primeiro e o segundo turnos da eleição na Argentina, havia sido privatizada no governo Menem, nos anos 1990. De forma gradual, a participação privada - da espanhola Repsol - chegou a 75%. Em 2012, o governo de Cristina Kirchner "nacionalizou" a empresa, ou seja, reestatizou.
Os ADRs da YPF dispararam 34%, e outras empresas argentinas ou que atuam no país tiveram saltos significativos, como Transportadora de Gas del Sur (+27,4%), Banco Macro (+27,5%), Grupo Supervielle (+23,9%), Grupo Financiero Galicia (+23%), Telecom (+21,9%), Central Puerto (+21,4%), BBVA (+21,5%) e Edenor (+20,6%).
Sobre o dólar cripto, é bom observar que é negociado apenas de forma digital, por isso tem cotação 24 horas por dia, 365 dias por ano. Além disso, movimenta quantias muito baixas, com pouca representação no volume do câmbio. Outra atividade que não cessa no feriado, a das "cuevas" - pontos de compra e venda de dólares no mercado paralelo, teve negociação ao redor de 950, conforme o jornal argentino Ámbito Financiero.