Duas empresas gaúchas contaram suas experiências no painel "Desafios Contemporâneos das Empresas Familiares" do 24º Congresso do IBGC, realizado nesta terça-feira (17) em São Paulo.
O Rio Grande do Sul é conhecido no Brasil pela grande concentração de negócios criados “em casa” - e, muitos, reconhecidos pelo seu sucesso. Essa característica fez com que os gaúchos representassem 50% do painel simultâneo, com Cristine Grings, da Piccadilly, e William Ling, da Évora.
Ao citar a origem do negócio — a imigração do pai, Sheun, da China para o Brasil, Ling disse que um valor cultivado em família hoje caracteriza o negócio:
— Confiança é um valor que meu pai trouxe da sua educação e sempre confiou muito, o que foi decisivo para ele, graças à boa acolhida que teve no Brasil. A ajuda que ele recebeu o ajudou a prosperar — destacou.
Geraldo Heck, que foi CEO até 2020 e segue no conselho da empresa, também deu seu testemunho:
— As decisões são todas tomadas pelos executivos no front. Tem de haver um desprendimento muito grande do acionista, ainda mais para um que estava na gestão — disse.
Para os executivos, disse Ling, a Évora garante um ambiente sem medo, sem filtro e sem favor:
— Não tem pressão por resultados, porque sabemos das circunstâncias se o resultado planejado não foi alcançado. Não tem assédio moral, porque pressão por resultado sem ter as condições necessárias é assédio moral — afirmou.
Heck destacou ainda o fato de que, mesmo herdando o negócio, Ling transformou uma empresa com seis fábricas no Brasil e faturamento de R$ 260 milhões em uma gigante internacional, com 33 fábricas em 14 países.
Outra evolução depois de sucessão foi feita pela gestão feminina da Piccadilly, relatada pela presidente Cristine Grings, — que atua ainda com a vice-presidente, Ana Carolina Grings, e a diretora administrativa-financeira, Ana Paula Grings. Também ganhou testemunho do presidente do conselho de administração, Marcelo Favieiro:
— Elas se sentiram desafiadas e cumpriram a meta de cinco anos antes do prazo. Definiram a nova, que também entregaram antes do prazo. Agora, temos um desafio para elaborar o próximo plano — ressaltou.
Cristine disse também que o grande desafio foi mudar a visão de indústria para um olhar de mercado. E não negou a dificuldade do trio de herdeiras executivas de obter reconhecimento:
— Os desafios, em vez de paralisar, têm de servir de alavanca — reforçou.
*A jornalista viajou a São Paulo a convite do IBGC.
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