Com o temor de que a guerra travada entre Israel e Hamas se amplie, o preço do petróleo acumula alta ao redor de 6% desde 7 de outubro - quando essa etapa do conflito começou. Para tentar compensar esse efeito, os Estados Unidos aliviaram o embargo à Venezuela de forma mais ampla do que a esperada.
Conforme anúncio feito na noite de quarta-feira (18), empresas americanas terão licença temporária de seis meses para fazer negócios com o setor de petróleo e gás da Venezuela, o que até então estava proibido.
Desde o início do conflito, o preço do petróleo oscilou entre altas e baixas, saindo do patamar de US$ 85 para US$ 90. Nesta quinta-feira (19), a cotação do barril do tipo brent, que serve de referência global, recua 0,5%, para US$ 91,96. Segundo analistas não decorre diretamente do alívio das sanções à Venezuela, porque só terá efeito no aumento na oferta de óleo e gás em cerca de seis meses. No entanto, só a perspectiva de contar com aumento da oferta já tem algum impacto nos preços.
A Venezuela tem as maiores reservas provadas de petróleo do mundo, de 300 bilhões de barris. Mesmo assim, não aparece sequer entre os 10 maiores produtores, por uma combinação entre má gestão da estatal Petroleos de Venezuela SA, a PDVSA, e as sanções americanas. Seu retorno ao mercado, ainda que temporário, pode representar maior oferta, portanto potencialmente uma redução de preços. A justificativa para o alívio das sanções é o compromisso da Venezuela de realizar eleições em 2024, com observadores internacionais, mediado pela Noruega.
O embargo americano foi imposto à Venezuela em 2014 e especificamente à PDVSA em 2019. Na época, o país sul-americano exportava cerca de 365 mil barris por dia para os EUA. No ano seguinte à sanção, a produção venezuelana, que alcançara 3,7 milhões de barris diários ainda na década de 1970, caiu para 570 mil barris por dia - nível mais baixo desde a década de 1940. Como vinham do petróleo 97% das receitas de exportação, a crise se aprofundou no país.
A PDVSA havia sido fragilizada pela política de subsídios à venda de combustíveis. Por muitos anos, a Venezuela teve a gasolina mais barata do mundo, que usava como instrumento político por sucessivos governantes - primeiro Hugo Chávez, depois Nicolás Maduro. As sanções também provocaram a suspensão das atividades da americana Chevron em território venezuelano.
Maiores produtores de petróleo
Por ordem de participação na produção global
- Estados Unidos - 18,9%
- Arábia Saudita - 12,9%
- Rússia - 11,9%
- Canadá - 5,9%
- Iraque - 4,8%
- China - 4,4%
- Emirados Árabes - 4,3%
- Irã - 4,1%
- Brasil - 3,3%
- Kuwait - 3,2%
Fonte: US Energy Information Administration (EIA)