A startup gaúcha focada em saúde iHealth desenvolveu uma solução que usa inteligência artificial (IA) para ajudar hospitais e clínicas médicas a extrair informações relevantes descritas em formato de texto em prontuários eletrônicos e notas clínicas.
Como afirma a empresa, a ferramenta resolve um problema comum às instituições de saúde no Brasil e no mundo, que é aproveitar as informações não codificadas, ou seja, escritas, para melhorar a gestão do negócio e, principalmente, o atendimento aos pacientes.
Boa parte das informações essenciais, como evolução clínica, histórico do paciente e comorbidades, entre outras, é registrada em anotações, o que dificulta a análise dos dados do paciente e o compartilhamento entre instituições de saúde.
Segundo Leonardo Alegre, diretor operacional da iHealth Group, as informações dos prontuários são pouco utilizadas para finalidades clínica e assistencial nos hospitais, por não estarem devidamente codificadas.
— A inteligência artificial é capaz de interpretar o texto clínico e, a partir desse dado estruturado e codificado, a instituição passa a ter informações valiosas que podem mudar a tomada de decisão clínica de forma significativa — afirma Leonardo Alegre.
Com uma base superior a 40 milhões de prontuários médicos já processados, a IA da iHealth identifica com precisão informações relevantes de anotações registradas no texto clínico. Ao ler o conteúdo, extrai informações que permitem compreensão mais profunda, ágil e detalhada da condição dos pacientes e do atendimento realizado pela clínica ou hospital.
— Só uma tecnologia com tanto aprendizado já adquirido consegue entender e extrair, sem engano de interpretação, informações sensíveis em contexto clínico — destaca o diretor de tecnologia da iHealth, Rafael Morais.
As informações são convertidas em dados padronizados e interoperáveis, facilitando o compartilhamento entre diferentes instituições de saúde. Podem ser vistos em formato de painéis e relatórios, e permite consultas com diferentes filtros. Também é possível ver uma nuvem de palavras com os principais termos encontrados sobre doenças, medicamentos e procedimentos descritos nos prontuários.
As áreas de pesquisas clínicas dos hospitais também podem se beneficiar. A interface de busca permite incluir critérios de inclusão e exclusão e, a partir das escolhas, o sistema mostra todos os pacientes que se encaixam no perfil desejado para o ensaio clínico, facilitando o processo de recrutamento.
Os hospitais que trabalham com pesquisas clínicas e que aceitam fazer parte da rede de instituições parceiras para pesquisas podem usar a tecnologia da startup sem custo. Em contrapartida, precisam autorizar que seus dados sejam compartilhados, de forma anônima, com indústrias farmacêuticas.
— Hoje temos uma grande base de dados, talvez a maior do país, mas queremos aumentar. Isso é importante porque a indústria farmacêutica precisa de grande volume de informações para fazer testes de novas drogas, por exemplo — explica Morais.
Fundada em 2016 e em fase de expansão, a iHealth projeta alcançar R$ 2 milhões em vendas neste ano. A startup tem cerca de 20 clientes, incluindo Hcor, Hospital de Amor (ex-Hospital de Câncer de Barretos), Santa Casa Belo Horizonte, Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Organização Mundial da Saúde (OMS), que utiliza a solução de IA em cerca de 40 hospitais no Brasil para pesquisas clínicas.
* Colaborou Mathias Boni