A coluna já relatou que os investidores gaúchos em energia eólica saíram esperançosos da audiência com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, na sexta-feira passada (4).
Mas quando é que esse sopro poderá começar a mover as pás dessa nova etapa eólica do Rio Grande do Sul? Segundo Telmo Magadan, que implantou em Osório o primeiro parque de porte no Brasil, agora falta pouco:
— Usar recursos do Fundo do Clima, com juro baixo, pode ser uma ótima opção. O próximo passo é fazer uma reunião em Brasília, com o BNDES (gestor do fundo) para entender como podemos usar essa linha. Uma questão importante, para o Estado, é atrair uma fabricante de aerogeradores (onde ficam as pás do título), se possível para a Metade Sul, onde se concentram os novos projetos.
A coluna quis saber se já existem interessados, Magadan confirmou, mas não quis avançar em detalhes. Embora circulem outros números, segundo o empreendedor existem no Estado oito projetos já com licença de instalação (LI, a etapa mais avançada antes da construção, que permite iniciar a obra) - inclusive um da sua empresa, a Brain Energy, em Tapes, que acabou de ser renovada por cinco anos - outros 20 em processo de obtenção de licença prévia (a primeira etapa) e ao redor de 30 em desenvolvimento.
— Se houver uma fabricante de aerogeradores no Estado, ajuda a reduzir os custos e a tornar os projetos mais competitivos. Agora, o RS volta a ser bola da vez em energia eólica. Passamos oito anos afastados do mercado porque, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o Estado não tinha margem de escoamento — pondera.
Esses oito anos foram o preço pago pelo Estado pelo atraso no reforço do sistema de transmissão de energia provocado pela incapacidade de investimento da Eletrobras. Segundo Magadan, as obras relicitadas e completadas até o final do ano passado já dão fôlego para tirar o Rio Grande do Sul do ostracismo no segmento. E o foco dos investidores, atualmente, está menos nos leilões públicos, destinado ao chamado "mercado regulado" - composto sobretudo por consumidores residenciais - e mais no mercado livre, com grande demanda empresarial por energias renováveis.
— O mercado regulado sempre terá um percentual significativo, mas há grande aumento nos contatos diretos entre empresas e geradores. Isso já é de 30% a 40% do mercado e está aumentando. E mesmo para esse mercado, temos competitividade. A mobilização é para aumentá-la e para não gerar desequilíbrio — detalha.
O documento que foi entregue pelo SindiEnergia, com apoio da frente parlamentar do segmento, observa Magadan, não é um pedido de socorro, mas uma apresentação de um potencial que pode ser facilmente acionado com ajustes nas condições:
— Um dos problemas do Estado é ter passado muito tempo fora do mercado eólico, porque o sistema de transmissão estava com impossibilidade de receber novas conexões. Ficamos marcados por isso. Agora, com o novo sistema robusto, estamos trabalhando em esforço sinérgico para deslanchar. Temos bons ventos (esta terça-feira, 8 de agosto, é mostra disso), boa cadeia produtiva, boa logística, recursos humanos bem formados e um grande centro consumidor para atender. É preciso criar clima positivo para o investidor e recuperar o protagonismo que o Estado tinha quando fez o primeiro grande parque do Brasil.
Todos os projetos engatilhados no momento, diz Magadan, são em terra. Existe expectativa para o futuro com geração eólica no mar, chamada de "offshore", mas têm estimativa para sair do papel de ao menos uma década. Antes, há muitos cata-ventos para "plantar" em terra firme, avalia. Só falta aquela "forcinha".
Leia mais na coluna de Marta Sfredo