O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Uma declaração de bastidor do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Alexandre Postal, elevou as expectativas para que o imbróglio que envolve a conclusão da privatização da Corsan tenha um desfecho ainda essa semana. O consórcio liderado pela Aegea venceu o leilão em dezembro do ano passado, mas quase sete meses depois ainda não tomou posse do ativo. Falta o principal: a assinatura do contrato.
Nesse intervalo, a venda foi barrada por inúmeras decisões judiciais nas mais variadas instâncias e jurisdições. Agora, as expectativas do governo do Estado e da empresa que arrematou a companhia gaúcha de saneamento estão depositadas em uma reunião, hoje, para encaminhamentos no TCE, onde resiste o último entrave para efetivar a troca de comando entre o Estado e a iniciativa privada.
No encontro estará consignada a manifestação do procurador-geral do Ministério Público de Contas (MPC), Geraldo da Camino, que na segunda-feira defendeu a manutenção da liminar que barra o contrato até que o mérito seja aprofundando.
Isso significa que para o MPC é necessário esclarecer os questionamentos sobre o valor estipulado pelo Estado por ocasião do leilão, e também as divergências quanto ao montante apontado como necessário para arcar com a universalização do tratamento de esgotos no Rio Grande do Sul, conforme estipulado pelo marco legal do setor.
A novela é tamanha que, na sexta-feira passada, ganhou novos personagens. O hub colaborativo transforma RS veio a público e cravou: “a cada dia que passa sem que se assine a privatização, o Estado perde recursos e os gaúchos que dependem do serviço sofrem as consequências”. No texto, com base nas projeções de investimento (R$ 1.388 bilhões da Aegea e R$ 630 milhões da Corsan, em 2022), o prejuízo seria de R$ 2 milhões diariamente.
O manifesto tem assinaturas como as de André Gerdau Johannpeter (Gerdau), Bruno Zaffari (Grupo Zaffari), José Gallo (Lojas Renner), Walter Lídio Nunes (ex-Fibria e CMPC), Aline Eggers Bagatin (Bebidas Fruki), Renata Grazziotin (Lojas Grazziotin), Humberto Busnello (Toniolo, Busnello S.A) e Júlio Mottin Neto (Grupo Panvel).
O que não falta é pressão sobre os canos da companhia. Resta saber, agora, por onde escorrerão as águas da Corsan, se por dutos privados ou estatais.