O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Após intensa disputa judicial, a Aegea, líder do consórcio que arrematou a Corsan por R$ 4,1 bilhões em dezembro, traçou estratégias iniciais. A ideia de investir quase R$ 1,5 bilhão por ano, totalizando R$ 15 bilhões em 2033 – data-limite do marco legal para universalizar o saneamento – está em revisão. Mas, a intenção, garante o vice-presidente de Operações, Leandro Marin, é alocar R$ 1 bilhão este ano.
A coluna quis saber de onde virão os recursos. A ideia, antecipada em 2022, era seguir o modelo da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), também adquirida pela empresa. Naquela ocasião, a Aegea contraiu R$ 19 bilhões no segundo maior financiamento da história do BNDES.
O problema é que o imbróglio judicial travou o processo. Por isso, a alternativa passa pelo mercado, mais especificamente, pelas debêntures. Trata-se de títulos de dívida que oferecem direito de crédito sobre a companhia, um empréstimo para que empresas possam captar recursos.
– Contatamos muitas instituições financeiras, mas no curto prazo o mais provável é a emissão de debêntures no mercado doméstico ou internacional – comenta Marin.
O curioso é que essa era a estratégia de captação da Corsan estatal. A companhia lançou esses títulos no mercado, em 2021, e consegui reforçar o caixa em R$ 600 milhões para arcar com os contratos ativos em 317 municípios do RS, dos quais 307 estão, até o momento, sob a tutela da Aegea. A estratégia era um dos argumentos do lado que defendia uma Corsan estatal.
Do outro, a resposta indicava que a capacidade da empresa pública não ultrapassaria a casa de R$ 643 milhões anuais e, para cumprir com as determinações do marco legal do setor, seria necessário mais de R$ 1,2 bilhão, por ano, em melhorias.
Ao tomar posse da empresa, Leandro Marin explica que a Aegea reforça o crédito e a capacidade da Corsan no mercado:
– E vamos colocar toda essa essa capacidade à disposição de uma Corsan privada.