Dono da Tesla - que até agora não tem "X" -, da Space X e do Twitter, que agora parece querer rebatizar de "X", Elon Musk sugere a criação de um império X.
Se no Exterior o assunto gera memes e comparações com os X-Men do professor Xavier, no Brasil tem a relação perde um pouco da graça por força da relação com outro "império X", o que chegou a ser erigido por Eike Batista e desabou como um castelo de cartas.
Antes de mais nada, a tentação de comparar Eike com Elon não pode ceder a um dado da realidade: enquanto o primeiro deixou poucas realizações como resultado de suas aventuras no mercado de capitais, Elon já inscreveu seu nome na história da tecnologia, tanto com a "popularização" dos carros elétricos quanto com a volta das viagens ao espaço, desta vez com participação de empresas privadas.
Depois, a expressão que a coluna usou, "parece querer", guarda a cautela necessária em relação a um inovador que, se já deu uma das maiores contribuições para transformar carros elétricos em sonho de consumo, também promoveu a venda de lança-chamas pela internet. Mas há certo consenso de que, ao menos no caso do Twitter, até agora mais desvalorizou a rede social que já foi marcada por um passarinho do que contribuiu para deixá-la mais contemporânea ou atrativa.
O movimento ocorre pouco depois do lançamento da Threads - a também discutível escolha de Mark Zuckerberg para a rede concorrente, uma vez que a palavra se popularizou no Twitter para designar os "fios", postagens em sequência. E a nova CEO da X Corp, Linda Yacarrino, avisou que se trata mais do que um rebranding: a intenção é fazer um X-tudo, como só os gaúchos entendem: a intenção é agregar pagamentos, a exemplo da chinesa WeChat, "criando um mercado global para ideias, bens, serviços e oportunidades" que, "alimentado por inteligência artificial, conectará todos nós de maneiras que estamos apenas começando a imaginar".
Em inglês, o nome provoca ainda mais memes do que no Brasil. Além da brincadeira mais leve, de que os "twitters" agora podem passar a se chamar de X-Men, surgiram piadas mais pesadas: os Twitter videos seriam rebatizados para XVideos - como são chamados os destinados a adultos, digamos - e os "Twitter influencers" passariam a ser chamados de X-rated, outra forma de classificar esse tipo de material.
Para além do risco das associações - que deve ter sido calculado - o que preocupa em relação a Musk são as perdas associadas à compra do Twitter, que podem diluir sua participação nas suas empresas mais bem-sucedidas, como Tesla e Space X. O bilionário pode não ter o mesmo destino de Eike Batista, mas a sucessão de movimentos erráticos acentua o balanço contínuo de luzes e sombras sobre Musk.