Além de carros, a BMW tem na produção de motos um mercado essencial no mundo. Para abastecer esse segmento, fora as unidades na Alemanha - uma das quais na capital, Berlim - tem apenas uma montadora no Brasil, mais exatamente na Zona Franca de Manaus.
Aberta em 2016, recebeu novos investimentos e inaugurou um novo segmento em março passado, reforçando sua capacidade produtiva e logística.
Julian Mallea, executivo argentino que atua há 20 anos na empresa, é o atual CEO da BMW Motorrad Brasil. A coluna quis saber se a fábrica no Brasil só era viável por se situar na Zona Franca, que tem tratamento tributário especial - por isso mesmo, onde é feita quase toda a produção nacional de duas rodas -, ele respondeu que há vários motivos:
— São várias questões estratégicas. O Brasil é um mercado com cerca de 1,4 milhão de motocicletas (venda recorde de 2022) e tem estrutura muito profissional na indústria automotiva, com fornecedores de alta qualidade. Além disso, nossas vendas no Brasil representam cerca de 60% de todo volume na América Latina.
Mallea esteve nesta segunda-feira (29) em Porto Alegre, acompanhado do gestor nacional de vendas da empresa, Adriano Mamede, para reuniões com parceiros locais sobre estratégias comerciais dos próximos anos. Segundo o executivo, as vendas de motos da marca no Brasil quebraram seu recorde histórico no país, com pouco mais de 13 mil unidades.
— Queremos crescer ao menos cerca de 7% nesse ano — acrescentou o CEO da BMW Motorrad Brasil.
O recorde do ano passado levou o Brasil à sexta posição entre os principais mercados compradores das motos da BMW no mundo inteiro. Ao todo, a marca vendeu 202.895 unidades de motocicletas no planeta em 2022.
— Já vendemos praticamente uma moto para cada carro da BMW no Brasil, o que é um dado muito relevante, porque não se repete em outros lugares. O negócio de motos representa cerca de 10% do negócios de carros no mundo, ou seja, a BMW vendeu ao redor de 2 milhões de carros, e 200 mil motos. No caso do Brasil, esses 10% viram 100%, quase uma moto a cada carro — ressalta Mallea.
O executivo afirma que os maiores mercados de moto são as principais metrópoles do Sul e Sudeste - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis.
— Temos aumentado nossas vendas nas áreas de agronegócio do país, mas ainda cerca de 80% do volume está concentrado nas metrópoles do Sul e do Sudeste — enfatiza Mallea.
Porto Alegre é o principal mercado comprador da marca no Rio Grande do Sul. Em segundo lugar vem Passo Fundo, com demandas crescentes também na região central do Estado e na Fronteira Oeste.
* Colaborou Mathias Boni