Estávamos todos errados? Boa parte dos analistas e da imprensa considerou equivocadas as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos - em particular, as declarações sobre a eventual responsabilidade da Ucrânia no ataque feito pela Rússia, já parcialmente corrigidas.
Mas nesta quinta-feira (20), o presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou a intenção de destinar US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia. Teriam os americanos cedido ao jogo de pressão de Lula?
Diplomata com longa experiência, inclusive em órgãos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU), da qual foi subsecretário, Rubens Ricupero não vê relação entre causa e efeito. Avalia que essa decisão estava encaminhada, e representa mais coincidência do que uma reação no sentido de se reaproximar do Brasil para não correr o risco de perder um aliado importante.
Mesmo identificando um "gesto simbólico importante", lembra que a decisão ainda precisa ser aprovada pelo Congresso dos EUA e pode enfrentar alguma resistência dos republicanos.
— É capaz de sair, porque existe um interessa geral na questão ambiental, com ou sem declarações de Lula — avalia.
O diplomata destaca ainda que, embora seja 10 vezes maior do que o primeiro sinal do governo Biden, a contribuição ainda é muito menor do que a da Noruega - um país com economia muito menor - para o Fundo Amazônia.
— As pessoas falam que o Fundo Amazônia é Noruega e Alemanha, mas é 90% Noruega.
Ricupero considera um erro as declarações de Lula muito alinhadas às posições de China e Rússia e espera que o presidente esclareça a posição do Brasil na viagem que começa na sexta-feira (21) em Portugal.