A Lojas Renner teve em 2022 o maior lucro nominal de sua história: R$ 1,29 bilhão, o dobro do valor obtido no ano anterior. Conforme o diretor financeiro e de relações com o mercado, Daniel Martins dos Santos, além desse resultado recorde a participação da companhia no mercado subiu 7% acima da média.
— Em relação a 2021, o lucro duplicou, ficou 104% maior. Seguimos o crescimento com recuperação da margem bruta — afirma Daniel.
O avanço do resultado líquido se concentrou nos três primeiros trimestres, detalhou o executivo. No quarto, o desempenho foi semelhante ao último de 2021, que havia registrado números fortes de vendas e lucro, portanto a base de comparação era alta.
— Também houve eventos que não são habituais no período, como eleições e até Copa do Mundo, um frio que persistiu quase até o final do ano. E o aumento da inflação e da inadimplência pressionaram o bolso do consumidor — observa o diretor.
Na Renner, o atraso superior a 90 dias nos pagamentos também é uma máxima histórica, em torno de 19% ante média de 13%. Embora elevado, destaca o executivo, está estável:
— Os novos cartões têm comportamento até melhor do que a base mais antiga. Mas a inadimplência pegou todo mundo.
Segundo Daniel, o impacto da Americanas não foi intenso na Renner, que é focada em um segmento diferente do varejo (moda). Embora a companhia tenha operações de risco sacado — as que originaram as tais "inconsistências contábeis" —, diz que equivalem a cerca de 4% da conta de fornecedores e são contabilizadas conforme instrução da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
— Apesar de ser imaterial (irrelevante), a Renner sempre deu total transparência a essas operações . São feitas mais no intuito de ajudar um fornecedor a antecipar recebíveis. Além disso, a companhia tem caixa de R$ 3,5 bilhões e dívida de R$ 2,4 bilhões. Isso significa que temos dívida líquida positiva. Dá para contar nos dedos da mão menos dois o número de empresas com essa situação no varejo.
Para este ano, diz Daniel, a Renner planeja abrir o mesmo número de lojas de 2022: 40. Só vai diminuir a proporção das unidades no Estado, de 11 no ano passado para três neste, até porque o Rio Grande do Sul já tem boa cobertura da rede.
— O cenário econômico está mais difícil, mas a Renner quer seguir crescendo e ganhando mercado.