Ao fazer duas escolhas para sua equipe, o primeiro governador reeleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, indicou que uma situação peculiar do Estado vai perdurar: o único do país com participação em três bancos públicos.
Não indicaria dois relevantes aliados - o ex-vice-governador Ranolfo Vieira Júnior para a direção - e futuro comando - do BRDE, e o ainda secretário de Gestão e Planejamento, Cláudio Gastal, para o Badesul -, se tivesse plano de mudanças no curto prazo.
Leite já considerou a privatização do Banrisul "inevitável", mas ao longo da campanha de 2022 acabou se comprometendo a não fazê-lo, no país em que apenas cinco unidades da federação - além do Rio Grande do Sul, apenas Pará, Sergipe, Distrito Federal e Espírito Santo - mantiveram bancos estaduais, o Estado manterá, em tese, três instituições financeiras públicas.
Depois de um primeiro mandato marcado pela privatização de CEEE, Sulgás e Corsan, será uma situação ainda mais inusitada. Pode cobrar explicações de Leite, principalmente se ele voltar a se credenciar para uma disputa nacional em dois anos. É claro que o Rio Grande do Sul, sozinho, não tem caneta para tomar decisões sobre o BRDE, mas tanto Paraná quanto Santa Catarina, os parceiros na instituição, privatizaram seus bancos comerciais estaduais.
A situação não é um problema em si. Se os três bancos tiverem papéis bem definidos e estiverem cumprindo seus papéis, entregando resultados para a sociedade que ajuda a mantê-los com recursos públicos, que vêm dos impostos pagos pelos contribuintes. Ao falar na Assembleia Legislativa na manhã deste domingo, Leite voltou a repetir um mantra de seu primeiro mandato: o de que a gestão de negócios é mais eficiente nas mãos da iniciativa privada.
Também reiterou compromissos que permitiram sua vitória com larga vantagem sobre o adversário no segundo turno: respeito à ciência, combate à fome e avanços civilizatórios. Em momento tocante, deixou o discurso escrito de lado para lembrar as perdas desnecessárias com a covid-19. Aliar racionalidade e sensibilidade ajuda a construir um futuro inclusivo para o Rio Grande do Sul.