Não houve morte no chocante episódio que envolveu a rede de supermercados UniSuper e a empresa de segurança Glock. Pelo nível de violência empregado, os envolvidos aceitaram o risco de repetir o caso do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, em um supermercado Carrefour de Porto Alegre.
Assim como a rede de origem francesa adotou um estrito programa de reparação e prevenção, o mesmo devem fazer as empresas gaúchas. A participação de líderes do grupo no espancamento de duas pessoas sugere que, na melhor das hipóteses, não está claro o que é inaceitável na cultura corporativa
Não é só um caso de polícia que se resolve com a demissão dos envolvidos. Além da necessidade de desenvolvimento de uma cultura empresarial antirracista - um dos dois homens espancados é negro - , é preciso garantir que a equipe está engajada não apenas com prevenção de furtos, mas com ação antiviolência e métodos rigorosamente dentro da lei.
Houve furto? É crime, portanto é legítimo chamar a polícia e registrar ocorrência. E apenas isso. Nem o constrangimento privado é admissível. Depois da morte de João Alberto, em depoimento à coluna, Maurício Santana, e autor do livro Empresas Antirracistas havia chamado atenção para a necessidade da mudança de regras de segurança adotadas nas companhias. Passou (muito) da hora de entender que esse tipo de episódio não será deixado para trás sem investimento firme em prevenção, que só colhe frutos com a mudança de cultura.