Como a coluna havia mencionado, a Petrobras aproveitou o espaço aberto pela queda na cotação do petróleo e repassou rapidinho para o preço da gasolina nas refinarias. A 31 dias da eleição, fez também a redução mais ousada da recente série de cortes, de 7,08%.
Apesar de oportuna do ponto de vista eleitoral, não é uma decisão sem base. Conforme a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), a gasolina no Brasil já estava 12% acima do preço de referência na Paridade de Preços de Importação (PPI) da Petrobras. Portanto, existe motivação técnica para a decisão.
Chama atenção, na nota da Petrobras que informa a redução, a menção à política de preços que já foi tão criticada pelo governo Bolsonaro. Conforme a estatal, "essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio" (destaque da coluna).
Se há algo ocorrendo no mercado de petróleo é volatilidade. Como a coluna relatou, o barril tipo brent havia caído para US$ 92 na primeira quinzena, subiu até US$ 105 sob pressão de uma suposta redução de oferta combinada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que acabou não se confirmando e agora voltou a custar menos de US$ 100. Nesta quinta-feira (1º), cai mais um pouquinho (1,4%), para US$ 94,25.
É bom lembrar que, na fase de alta do petróleo, a Petrobras ficou mais de 90 dias sem calibrar os preços internos, como a estatal também destacou em nota. E foi acusada de "crime" (para evitar palavras mais pesadas) pelo presidente Jair Bolsonaro. Agora, fica a dúvida: na hipótese de uma alta súbita de preços antes da eleição, como será aplicada a política de preços?
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, com preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.