A vitória da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no leilão de privatização do braço de geração da CEEE, foi uma surpresa, ainda mais porque a empresa não detalhou seus planos para as 15 usinas no Rio Grande do Sul.
Nesta quarta-feira (3), a empresa explicitou sua estratégia para o setor de energia e antecipou que pretende investir para completar o parque eólico de Povo Novo, em Rio Grande. Há alguns anos, o valor previsto estava ao redor de R$ 300 milhões.
Conforme Marcelo Ribeiro, diretor financeiro e de relações com o mercado da CSN, também haverá investimentos na modernização e no aumento da potência da maioria das 15 hidrelétricas adquiridas. A aquisição da CEEE-G, que vai custar à companhia siderúrgica cerca de R$ 3 bilhões (R$ 928 milhões pagos ao governo do Estado pelo leilão) e R$ 1,94 bilhão em antecipação de outorga (permissão para operação, paga ao governo federal) para os próximos 30 anos.
Segundo Ribeiro, os projetos de investimento ainda em fase de engenharia. Estimou em um ano o prazo para "remover desafios regulatórios" e mais dois a três anos para construção, no caso de Povo Novo. Como se imaginava, afirmou que a maior parte da energia será usada internamente para abastecer as unidades industriais da CSN. O parque eólico de Povo Novo é uma das muitas novelas que se arrastam em Rio Grande. A CEEE chegou a iniciar a construção do parque eólico, mas não conseguiu levar adiante. Agora, tem previsão para conclusão até 2026.
No total, a companhia estima economia de R$ 300 milhões por ano com a compra da CEEE-G e de outros negócios feitos anteriormente, que incluem outro ativo na divisa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a hidrelétrica de Quebra-Queixo.
A importância do negócio para a CSN pode ser medido pela participação do controlador, Benjamin Steinbruch, na apresentação da estratégica energética ao mercado. O lendário empresário fez questão de dizer, porém, que embora seja muito relevante, investimentos em energia e infraestrutura não serão perseguidos pela companhia:
— Somos indústria e vamos permanecer como indústria. Os negócios principais são mineração, siderurgia e cimento. Temos infraestrutura, logística e energia como serviços complementares da produção. Vamos nos manter fiéis a nossa origem. Não pretendemos entrar em qualquer tipo de concessão de serviços. Não é nosso perfil, nossa expertise, nossa prioridade. No passado, tivemos muita alavancagem (endividamento), mas priorizamos e desalavancamos. Agora, nossa relação dívida/ebidta (quanto a empresa deve para cada real que obtém de geração de caixa) vai ficar abaixo de 1, com raríssimas escapadelas. Somos muitos entusiasmados com os negócios que temos. Somos um grupo industrial, longe de ser um family office, comprometidos com produção e emprego. E emprego industrial — fez questão de frisar Steinbruch.
O que é a CSN
Empresa de capital aberto, com ações negociadas nas bolsas de São Paulo (B3) e de Nova York (Nyse). Tem cerca de 20 mil funcionários e atua em siderurgia, mineração, cimento, logística e energia. É controlada pela Vicunha Aços, do empresário Benjamin Steinbruck. No ano passado, a CNS teve receita líquida de R$ 48 bilhões e vendeu 33,2 milhões de toneladas de minério de ferro.