O projeto de revitalização do hotel Laje de Pedra, em Canela, inclui a possibilidade de ficar morando lá: a partir de julho, serão oferecidas para venda 35 unidades privativas com valores entre R$ 3 milhões e R$ 10 milhões e áreas entre 54 e 220 metros quadrados.
Está caro? É o preço do que os empreendedores chamam de "residências privadas ultra premium", com todos os serviços de um hotel cinco estrelas, incluindo mordomo e concierge, adega e garagem fechada para a segurança dos automóveis de luxo.
José Paim, um dos sócios do Kempinski Laje de Pedra, disse à coluna que, de fato, o projeto é colocar Canela no "circuito mundial de alta renda":
– Essa característica vai colocar na região um público que não gasta US$ 100 por dia, mas US$ 1 mil por dia. Isso vai exigir um salto de qualidade de todos os serviços da região, de restaurantes ao comércio. Em alguns anos, Canela deverá ter lojas de grifes globais, e isso traz um potencial enorme de mudança na região da Serra e até em outras regiões vizinhas. Queremos atrair famílias importantes do Estado de volta ao Laje de Pedra.
Nascido em Vacaria e radicado em São Paulo, Paim diz que o Kempinski Laje de Pedra não será apenas um hotel em Canela, mas um "portal" para um tipo de turismo que valoriza as características locais em vez da simulação de ambientes internacionais. Por isso, o material de divulgação do empreendimento tem muitas imagens dos cânions gaúchos e catarinenses, dentro e fora dos parques agora privatizados.
– É um convite à vivência e à preservação, para que o mundo conheça e respeite essa beleza do Rio Grande do Sul que é pouco conhecida. Estamos desenvolvendo um projeto de altíssimo luxo, e luxo é experimentar a cultura local de maneira elegante. E será um propagador potente da cultura do Rio Grande do Sul, da imagem de um Estado que começa a ser reconhecido – justifica Paim.
Paim conta que tentou comprar o Laje de Pedra duas vezes. Não conseguiu na primeira, quando o negócio foi fechado com um grupo que acabou não honrando os compromissos, mas teve sucesso depois disso.
– Minha proposta, que era um sonho, era comprar para resgatar o Laje de Pedra. Tenho o princípio de investir em coisas que dinheiro não compra. Tenho uma relação afetiva com o hotel, da primeira vez fiz a proposta do jeito que queriam, mas chegou tarde, tinham acabado de vender. Dois anos depois, voltou à venda, e propus sociedade ao José Ernesto Marino, que estava oferecendo.
A relação afetiva, detalha, veio da inauguração do hotel, que assistiu levado pelo pai, ainda na infância. Na época, Canela tinha projeção apenas local, não havia interesse sequer estadual pelo destino.
– Quando cheguei, era como se tivesse tirado um pedaço de Brasília e levado para lá, com aquelas linhas modernistas. Na época, meu sonho era passar uma semana lá, mas nunca cheguei a me hospedar no Laje, tinha sempre de ficar na casa das tias. Há poucos anos, estive lá novamente e me deu uma dor de ver a situação do hotel.
Conforme Márcio Carvalho, também sócio, o projeto prevê, para o futuro, a possibilidade de venda compartilhada de áreas residenciais, mas de forma muito limitada para garantir a exclusividade das Kempinski Residences, modelo que existe também nas demais unidades da rede no mundo. Nesse caso, detalha, a intenção seria dar maior racionalidade e sustentabilidade à compra.
– A aposta é em modelo de segunda residência de luxo operada por uma rede hoteleira.