Na apresentação dos resultados do primeiro trimestre da Corsan, o diretor financeiro e de relações com investidores, Douglas Casagrande, confirmou que o pedido de reajuste da tarifa deste ano, a ser aplicado a partir de 1º de julho, vai se limitar à inflação acumulada no período. Ainda assim, como a inflação também subiu muito, será forte: 11%.
No ano passado, o reajuste chegou a 12,9%, quase o dobro da inflação do período. Até como forma de conter a inquietação sobre o impacto da eventual privatização na tarifa, a Corsan assumiu o compromisso de limitar a correção à inflação medida pelo IPCA, seguindo o exemplo da estatal do setor no Rio de Janeiro.
Conforme Casagrande, as despesas cresceram 12,9% ante o primeiro trimestre de 2021, resultado de aumentos de até 400% em materiais como o sulfato de alumínio, usado no tratamento de água. No entanto, o lucro líquido acumulado de janeiro a março cresceu mais, na mesma base de comparação: 20,3%, para R$ 186 milhões.
A pressão de custos no setor do saneamento já foi motivo de pedido de reajustes mais frequentes em obras no segmento no Estado e vem motivando debates em todo o país. Enquanto a Corsan apresentava seu balanço, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) fazia um webinar sobre “A volatilidade nos preços dos insumos estratégicos do setor de saneamento e seus impactos em contratos públicos”, por efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia.
Segundo Casagrande, o pedido de reajuste foi encaminhado às agências reguladoras no final de março, e "historicamente", a Corsan costuma ser atendida nas solicitações:
— Não há nada que indique que não haverá o repasse. As agências reguladoras devem divulgar notas técnicas até o final deste mês, a Corsan tem até um mês para notificar e a cobrança com reajuste começa em 1º de julho.
A Corsan reitera, porém, que a decisão final cabe às agências reguladoras.