A nova secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado, Marjorie Kauffmann, é uma engenheira florestal que comandou uma revolução silenciosa na presidência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Agora, um de seus desafios é superar os obstáculos para completar a privatização do braço de geração da CEEE, que chegou a ser iniciada, mas não teve interessados, e o da Corsan, que depende de aspectos regulatórios. Marjorie disse à coluna que a previsão é completar os dois processos "no mais tardar, no início do segundo semestre":
— Quero bater esses martelos.
Segundo a secretária, o processo da CEEE-G, que "deu deserto", será reestruturado. Lembra que o comando da secretaria mudou, mas os técnicos que trabalham no processo, não. Disse que, no caso da Corsan, o governo tinha um tinha um cronograma que terminava no primeiro semestre, mas não descartou a possibilidade de ajustes nesse prazo:
— Mas, se se não conseguir, vai ser bem no início do segundo semestre. Essas ações têm previsão de concretização no mais tardar no segundo semestre deste ano de 2022.
Marjorie diz que sua revolução silenciosa começou ainda nas primeiras reuniões de montagem do governo Leite, em 2018. Graduada engenharia florestal, tem mestrado e doutorado em paleobotânica. Fez toda sua formação conciliando trabalho e estudo, relata.
— A gente vai aprendendo coisas que a faculdade não ensina. Fui bolsista de vários projetos, na Petrobras, em hidrelétricas. Meu currículo não é padrão, não se encaixa bem em concursos, mas fica mais interessante por ser multidisciplinar. Fiz um estágio em uma unidade de conservação em Portugal, que media o impacto do fog, o que me deu base para o estudo que permitiu fogo controlado nos biomas dos Campos de Cima da Serra.
Esse "olhar externo", diz a secretária, a ajudou a tocar a revolução silenciosa sem ruptura em relação ao governo Sartori. Avalia que foi importante ter no comando da Fepam uma analista ambiental da estatal com formação na área. Seu sucessor será Renato Chagas, que começou na fundação como estagiário e agora se torna presidente. Um dos aspectos da revolução de Marjorie não tão "silencioso", por ser polêmico, foi a adoção do autolicenciamento, que ela faz questão de chamar pelo nome oficial, Licença por Adesão e Compromisso (LAC).
— Fico tranquilíssima com essa evolução. Estudamos desde 2019, escolhemos o melhor modelo. Dos mais de 500 tipos de licença, só 48 podem ser feitos com LAC. Até agora, só duas solicitações foram feitas. Uma foi deferida, outra indeferida, porque os documentos apresentados não sustentavam. Existe polêmica porque é mudança, mas não podemos continuar fazendo licenciamento ambiental como se fazia há 30 anos. A LAC é uma antecipação do controle ambiental por meio de acordo de responsabilidade. Se não for cumprido, a Fepam vai cassar a licença e embargar a obra.